SILÊNCIO COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO

SILÊNCIO COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO

Vencida a enorme timidez da infância e adolescência, superada a opressão familiar machista, passados os tempos de ditadura em que não se podia falar, aprendi o prazer de usar as palavras para dialogar, argumentar, defender, repudiar, protestar, expressar sentimentos e idéias. Aprendi o valor e o poder da palavra, linguagem revelada ou oculta, magia que transmite conhecimentos e dissemina idéias.

Mas existe também o silêncio, de igual valor; tanto valor que existem votos de silêncio, assim como os votos de castidade.

Nas minhas andanças pelo mundo, em contato com as comunidades, percebi os diversos significados do silêncio:

O silêncio de quem tem respeito por quem fala.

O silêncio de quem concorda e comunga com aquele pensamento.

O silêncio de quem não compreende.

O silêncio distante de quem despreza.

O silêncio de quem já tem seus conceitos e preconceitos e se recusa a ouvir.

O silêncio passivo da impotência diante de um fato.

O silêncio da tristeza.

O silêncio do inconformismo.

O silêncio, não a palavra, como forma de protesto.

O silêncio, de difícil interpretação, é usado comumente pelos nossos interlocutores, a população, que nos deixa inseguros quanto à eficácia da nossa comunicação.

É também atributo dos velhos sábios, que aprenderam ao longo da vida, seus vários significados, a hora certa e a importância de silenciar.

Precisamos aprender com os velhos e a comunidade, o exercício do silêncio como forma de comunicação, já que palavras, às vezes, são apenas palavras ao vento…

Lucia Elena Ferreira Leite

Lucia Leite
Enviado por Lucia Leite em 17/05/2008
Código do texto: T993985