A esperança
Tenho a impressão de que a grande maioria das pessoas relega o significado da palavra “esperança” a um sentimento meio que desprovido das doses certas de realidade. Que captam a aura da palavra como algo quase místico. Talvez porque essa palavra apareça mais frequentemente aliada ao desejo de se atingir objetivos muito distantes. Como exemplo, eu diria que “tenho a esperança do meu texto ser entendido na íntegra”, quando sei ser difícil, na medida em que pode ser apenas uma projeção do que somente eu pense a respeito do seu significado. Tal como ocorre com a palavra “decisão”, cuja memória nos leva aos “grandes momentos” quando na verdade ela poderia denominar cada uma de nossas ínfimas ações não mecânicas.
Elas (esperança e decisão) são as alavancas de nosso viver. Uma motivando a outra em todos os segundos de nossa vida. Tomamos decisões sempre na esperança de fazermos acontecer o que desejamos, isto é, o que esperamos que aconteça.
Evidentemente poderíamos substituir a palavra “esperança” por sinônimos ou usar outras expressões mais céticas para parecermos ágeis e realistas, mas a esperança é um estado de nossa emoção em contínua expectativa não necessariamente revelada por nosso inconsciente. É palavra do dia a dia. De todos os nossos momentos. E, injustamente, nós quase temos vergonha de a associarmos ao nosso estado de espírito para que não se pense que somos apenas esperançosos e sem atitude. Nós somos mais os nossos sonhos que nossa realidade. A aproximação revela isso a ponto de nos surpreendermos ao conhecer melhor quem apenas víamos de longe. É que ao nos aproximarmos ficamos conhecendo as esperanças do outro. Ficamos sabendo o que aquela pessoa espera de tudo e isso nos faz vê-la por novo ângulo. As esperanças de alguém é uma forma eficiente de sabermos de quem se trata.