....... RUA DO CAÍ DURO !.... VOCÊ VAI ?.....

Surgiu-me a idéia de realizar um documentário sobre as ervas que são popularmente usadas em chás, que por ai dizem que curam de tudo. Elaborei o rotéiro. Descolei uma grana emprestada. Convidei um casal de amigos.

Ele, fez a primeira etapa do curso de cinema comigo, desistiu porque o pai abriu uma budega, e queria por que queria que ele tomasse conta pela parte da tarde. (Nesse horário, o velho dorme e ronca feito um porco). Mais garantiu-me que fazia questão, sí assim, se livrava do cabra, pelo menos enquanto tivesse comigo. Ai, nem se importou com o valor da diária.

Ela, tá comigo até hojé. Já fizemos alguns trabalhos juntos. Quando lhe contei sobre as ervas, ela adorou. Disse-me que lembrava a sua quase santa vó. (Porque quase santa ! nem me pergunte).

Busquei informações na feira. As tive com um senhor lá de paripe. Ele conhece uma velha que mata-a-pau com os matos santos. Anotei o endereço. "Rua do Caí Duro". Sem número. Sábado logo cêdo, partimos prá expedição. Pegamos o trem na primeira viagem. Eu sempre gostei de viagens de trem. Ela, fazia pela primeira vêz. Ele, já andara em tempos outros. Eu imaginei! Velhos gostam de acordar bem cêdo. Iamos pegala com todo tempo do mundo.

Chegamos no campinho de futebol. O sereno ainda estava alto. Eu estava mais preocupado com a saúde dela, do que com o risco de ser assaltado. Ele garantiu que nois dois, resolveriamos qualquer parada. (Mostrou-me um canivete de fechar, sorri, em tempos de bala, o cara me saí com um canivete de fechar).

Pelo endereço. O coroa nos mandou passar pela trave do lado direito. Passamos. Disse que iamos encontrar um buraco num muro, e que podiamos passar por ele. Passamos. Atravessar um esgoto imenso a céu aberto. Atravessamos. Iamos chegar entre duas fábricas abandonadas. Chegamos. Uma era de mamonas, que foncionou lá pelos idos do anos setenta. A outra, uma velha fabrica de sabão, também muito velha. Ambas agora é propiedade do MSTS, (Movimento dos Sem Tetos de Salvador). Entre as duas no passado, havia uma estrada ou rua, hojé só resta um caminho entre o matagal. Muros altos, com uma distância considerável. Fomos. Achamos o barraco da velha. D.Senhora como era chamada. Estava sentada numa pedra, remexendo um fogo a lenha acesso. (Acredito que esquentando água). Nos apresentamos. Falei-lhe sobre a idéia. Ela gostou. Disse-nos, que o povão precisava mesmo saber como se cozinha um bom chá.

Mostrou-nos várias folhas. Tamanhos, cores, formatos, cheiros, testuras e principalmente, falou-nos de suas curas milagrosas. Foi uma esperiência singular. O local é singular. D.Senhora, é singular. O caminho, esse bem que poderia ser plural.

Essa é especial, é a de número 100. Sem conversa fiada.