...ESSE MUNDO NÃO É MEU...

Hoje tentaram me negar a vida, mas eu soube sorrir no momento exato. Mas ainda assim me senti péssimo com tanta mesquinhez gratuita que se encontra por aí, dos ambientes de trabalho aos círculos de amizade percebo um grande aumento de "compromisso" em vez de "prazer". Não sei dizer se existe um grande descontrole emocional atingindo a todos, mas o certo é que o companheirismo tem diminuído. Enquanto olhava dois colegas discutindo violentamente, um carro com som altíssimo estaciona próximo a porta onde me encontro. Um reggae se faz ouvir no universo todo penso. Não é nestes acordes que eu vou encontrar a paz que eu preciso. Saio dali e penso como seria bom ter um pozinho do sono para jogar em meus olhos, mesmo que para um rápido cochilo. Ao contrário disso, uma pessoa qualquer a que designaram o cargo de chefe de um setor qualquer, pensa que pode dar qualquer ordem a uma outra pessoa qualquer, como não sou qualquer um, resolvi não dar ouvidos. Saio desse ambiente profissional sem me importar com o horário, e na rua encontro de tudo um pouco, vendedores ambulantes alucinados em seus textos improvisados na ponta da língua, "crianças adultas" oferecendo algo que não poderia ser vendido por preço algum, ciganos dançando em meio ao caos. Vou andando e tentando imaginar como é possível uma adaptação a toda essa loucura, em vez disso, acabei por pensar em como evitá-la. Pode até ser mais difícil, mas é mais sensato. Hoje eu não quero emoções, aventuras ou qualquer tipo de agitação, apenas um pouco de conforto bastaria, e ao chegar em casa, naquele momento não havia nada melhor que aqueles olhos tão brilhantes que devoram minhas palavras sem que eu possa vê-los, nada melhor que a presença irreal de todas essas pessoas que observo pela janela. Hoje o dia acabou mais cedo, apenas porque eu não precisava de todo aquele micro universo em guerra que me era oferecido. Que a comodidade da rotina nunca seja maior que meus sonhos...

"...Eu não sou da sua rua,

Eu não falo a sua língua,

minha vida é diferente da sua..." MARISA MONTE