DE VOLTA PARA A VIDA

DE VOLTA PARA A VIDA

Donato Ramos 29/02/08 – Florianópolis SC

A pirâmide populacional mostra, progressivamente, o número de pessoas com 60 anos ou mais, aumentando significativamente. Nota-se, claramente, que as pessoas idosas encontram barreiras, inúmeras dificuldades, para inserir-se em qualquer patamar, porque a sociedade aprendeu a valorizar a juventude, o produtivo e a velhice é uma fase vista com preconceitos de inutilidade, dependência e que a maioria acha improdutiva, mas que serve de massa de manobras pelos políticos de plantão. O idoso, vendo essas limitações, tende a isolar-se, mesmo que esteja residindo com a família. E, como não o deixam tomar decisões, mesmo rodeado de familiares, o idoso se sente sozinho. Vejam, sintam esta verdade estonteante: o idoso mesmo em casa, com os seus parentes, está só. Do seu canto ouve tomarem decisões: “Amanhã, iremos lá”. Ou, “Ainda não é hora disto ou daquilo...” e o idoso apenas é comunicado. Quando é. Isso mesmo: os familiares não contemplam o idoso em seus diálogos e em suas decisões. Quantos idosos são condenados a viver o resto de suas vidas em instituições asilares, ambiente estranho e que leva o idoso a sujeitar-se às normas impostas pela instituição, ocorrendo, freqüentemente, o afastamento da família, dos amigos que sobraram, da sociedade.

Todos vocês, meus leitores, deveriam pensar seriamente nas palavras que me saem da alma, quando tento colocar nas folhas deste jornal endereçado aos idosos – mas que muitos lêem, de qualquer idade, profissão, situação econômica ou social – porque é a verdade que pesquisamos diariamente nos grupos de idosos, nas festinhas que para eles fazem por aí de vez em quando. Muitos não comparecem porque não têm ninguém – filhos, netos e outros – que os levem até o local da festa. Ao isolar-se – às vezes por conta própria, por desejar mesmo esse isolamento -, o idoso perde o seu espaço social, a família, seus pertences como livros, cachimbos, cachorro ou gato, chinelo velho, violão... E deixa de realizar as atividades da vida diária. Terá horários impostos para cumprir as suas tarefas no novo ambiente. Sua hortinha de fundo de quintal acabou. Seu radinho de pilha na cabeceira não vai mais ser ligado, porque o horário nesses lugares é de muito respeito.

No entanto dirão alguns familiares: “Lá ele está sendo muito bem cuidado! Eles são muito competentes e o local é bem limpinho! Não está faltando nada pra ele!”.

Que merda! Desculpe. É a emoção, pôxa. Quem sabe o quê está faltando é ele. É o idoso que lá está sem as suas coisas, sem a sua liberdade. Essa situação levará a pessoa a ficar desgostosa da vida, demonstrando isso pela tristeza, pela apatia, pelo isolamento, pelas lágrimas furtivas que cairão sem que mesmo ele saiba por quê.

E, simplesmente, fica esperando sua última hora chegar. Por sabermos disso, por participarmos disso, por fazermos parte dessa história, criamos o INSTITUTO VIDA&CIDADANIA. Procure saber mais sobre ele, sobre nós todos que estamos aqui. Olhe dentro dos nossos olhos. Veja que não estamos criando uma situação. Ela existe. Está do seu lado. E é hora de você nos ajudar a mudar o rumo da história de muitos idosos, trazendo-os novamente para a vida em seus últimos anos. Alegria! Música! Participação na vida comunitária! Venha ser mais um ao nosso lado!

Vou continuar a falar sobre o assunto em cada edição do Jornal VIDA&CIDADANIA daqui de Florianópolis, de Blumenau, pela Internet neste endereço: www.donatoramos.blog.uo.com.br e nas palestras que continuaremos a fazer em cada Grupo de Idosos do Estado de Santa Catarina.

donatoramos@uol.com.br

DONATO RAMOS
Enviado por DONATO RAMOS em 15/05/2008
Código do texto: T990059