A Menina e a Mulher.
Andei com uma menina à minha frente por muito tempo. Não me refiro à minha filha, mas àquela menina que mora em mim e que foi tão magoada.
A mulher dizia proteger a menina da dor, do abandono, da desilusão. Mas na verdade era a menina que agia e não a mulher.
Não era um ato de covardia. A menina era eu mesma: uma mulher feita. Um mulherão, amando e sofrendo como uma menina.
De uns tempos para cá pensei ter esquecido a menina. Será que amadureci e não preciso mais da dela?
A prícípio me senti feliz. Depois me preocupei.
O que fiz da menina?
Ah, meu Deus, será que para me tornar madura eu tive que matar a menina? Não! Definitivamente não! Eu não mato ninguém, quanto mais a menina que morava em mim.
Então recebi um lembrete de um amigo dizendo para eu dar sempre a mão à menina. Que alegria, você me deu, menino! Você viu a menina que eu achava ter perdido.
A partir daí percebi que ela estava aqui bem pertinho. Agora de mãos dadas enfrentaremos o mundo. Prometo protegê-la do que possa magoá-la. E serei eu, a mulher madura, a conduzi-la.
Evitarei certos constrangimentos para uma menininha. Mas não a largarei mais. Daremos boas risadas, faremos palhaçadas, algumas aventuras seguras e a ninarei com afeto.
Obrigada, meu querido, por me trazer de volta a menina. Cuide bem de sua criança interior também!
Beijos meus e dela.