"DE MACHO"
- “Meu! Que comissão de frente!”
- “Sossega, rapaz! Você é casado!”
- “Ué! Sou casado mas não sou capado.”
- “Considerando o seu assanhamento, e se bem conheço sua ‘patroa’ isso é só uma questão de tempo.”
- “Vira prá lá boca agourenta! Bate na madeira!”
- “ Carlão! Traz mais uma, mas essa vê se traz gelada!”
Sexta à noitinha, happy-hour, a conversa é sempre a mesma, o Maurinho, comendo todas com os olhos e nenhuma de fato, o Júnior, do RH, olhando no relógio de cinco em cinco minutos (esse morre de medo da mulher, bom, com uma mulher daquela, eu provavelmente também tremeria na base); O Antonio Carlos, da expedição, mais ocupado em ficar bêbado que em apreciar a ‘paisagem’, a Mara, da contabilidade, que tal qual a gente também gosta de mulher e de cerveja e diz que nossas conversas são muito educativas, essa só ri, e eu, que não sou santo, mas tampouco burro, e que decidi ser monogâmico por razões práticas.
- “Uma mulher já dá um trabalhão, duas? Não bebi o suficiente ainda.”
- “Oh Carlão! Cadê a breja?”
- “Olha a loira! Olha a loira! Que saúde! Eh lá em casa!”
- “‘Lá em casa’ tem é o pau-de-macarrão te esperando, Júnior!”
- “Acorda manezão! ‘O nome dela é Waldemar’, lembra da música?”
- “Brincou? hahahahaha”
- “Vai lá que é sua Maurinho!”
Meia-noite, e nós, cinderelas barbadas, exceto a Mara, claro, viramos abóbora se não vamos prá casa. O Antonio Carlos é meu, já virou freguês, nem vem de carro mais às sextas-feiras, o Maurinho sobrou prá Mara, e o Júnior, muito embora more bem mais perto da casa da Mara que da minha, preferiria ir prá casa a pé que com uma mulher, então sobrou prá mim também; Conclusão: eu, que nada vi, nada sei e nada fiz, fazendo hora-extra como motorista particular de bêbado, virei abóbora!
- “Onde você estava?”
- “No mesmo lugar em que estou todas as sextas, amor, no Sujinho.”
- “Você bebeu?”
- “Não amor, só tomei coca-cola... claro que eu bebi.”
- “Você está cheirando a mulher!”
- “Meu amor, eu estou cheirando a batata-frita, frango-a-passarinho, cerveja, baba de bêbado, mas mulher não.”
- “Quem é ela?”
- “Ela quem, meu anjo?”
- “É a Mara da contabilidade né? É ela a vagabunda que você ‘tá comendo né?”
- “Meu amor, ela nem gosta de homem...”
- “Ah! Safado! Mas se gostasse você ‘fazia’ né?”
- “Não foi isso que eu disse Maria Clara! Quer saber? Vou dormir, amanhã a gete discute a relação tá? E – pelo amor de deus – vê se menstrua mulher!
(*Nena: sair, saíu, mas foi a forceps.)