REDESCOBRINDO A VIDA SEM PÂNICO

Estava dentro de um ônibus lotado, calor de verão, sentado na janela e sorrindo. Sorria por estar dentro daquele ônibus, no qual as pessoas reclamavam do calor. Desceu daquele ônibus e se viu diante de centenas de pessoas no centro da cidade. Olhou um pouco receoso de um lado e de outro, afinal a segurança pública anda péssima, mas ainda estava sorridente e feliz. Estava se sentindo livre. Entrou numa galeria e pôde passear visitando as mais variadas lojas e ver as vitrines. Parecia um menino descobrindo o ato da leitura, o jovem descobrindo o primeiro beijo e o primeiro amor. Conversou com um senhor aposentado que pegara um serviço extra, como segurança da galeria, para completar a renda, mas este também estava feliz.

Foi ao cinema, tomou um refrigerante, assistiu a uma peça de teatro e resolveu voltar para casa. O ônibus estava vazio, pudera, eram 11 da noite. Mas estava feliz. Chegou em casa, tomou banho, tomou um leite quente sozinho na cozinha e deitou-se na cama em um quarto escuro. Estava feliz.

Fez vestibular e passou. Talvez fosse esta conquista um dos motivos de sua alegria. Atua todo fim-de-semana em uma escola de teatro e vai representar a sua primeira peça no final do ano. .

Os leitores devem estar perguntando porque tamanha felicidade de nosso personagem. Eu os respondo.

Ele há seis meses não saia de casa, não chegava ao menos no portão de sua casa, não saia para a vida. Tinha a tal Síndrome do Pânico que tantas pessoas classificaram como: “fase da juventude”, “é o vestibular...”, “traumas da infância”...Pode até ser tudo isso, mas alguns esqueceram que a tal síndrome do pânico é um transtorno físico também. Quantas e quantas vezes este jovem estava na pracinha de seu bairro conversando descontraidamente com amigos e, como num passe de mágica, as mãos começavam a suar frias, os pés idem; falta de ar, aumento do batimento cardíaco, um desmaio que nunca vinha. Ou a morte que se prenunciava...E não foi a única vez, foram várias vezes. Como namorar, sair, estudar, trabalhar e realizar todos os seus sonhos...? Como viver assim?

Como evitar a depressão com esta tal de síndrome do pânico?

Estava sentado em frente ao seu médico. Ele tem a resposta de suas dúvidas, o tratamento adequado e a sábia competência de um bom profissional. Em seis meses de vida já realizou muita coisa, claro que há muito que superar e há muito que não temer.Calma! Para quem viveu tantos anos com este medo, seis meses são segundos. O importante, dizia o médico, é vivenciar cada momento como uma vitória. Devagar e sem anseios...

Na saída despediu-se do médico, entrou no elevador e lembrou dos pais, dos irmãos. Como o ajudaram a superar todos estes problemas. Como é importante o apoio e a compreensão da família nestas horas. Obrigado! Agradeceu o jovem em voz baixa e...Dentro de um elevador, o que tanto temia!

Na rua lembrava da primeira consulta. Achava que não poderia vencer a síndrome do pânico, mas intimamente queria acreditar. E deu certo. A sua força de vontande também o ajudou. Foi preciso que ele quisesse curar-se...Ele tinha de querer a cura. Achou o profissional certo através de indicações de pessoas com o mesmo problema e que obtiveram êxito.

E por tudo isso, estava feliz!

Olhou o relógio e estava atrasado. O encontro com a jovem seria em um shopping. Iria tomar sorvete, conversar e passear. Conheceram-se na internet...Da conversa saiu um beijo, o namoro e, definitivamente, uma vida normal com todos os estresses do dia-dia. É... Das confusões diárias não tem como escapar. Mas que venham estes problemas para termos sempre soluções! Estava feliz por viver.

Alexandre Lana Lins
Enviado por Alexandre Lana Lins em 14/05/2008
Reeditado em 17/09/2017
Código do texto: T989471
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