NEGROS ESCRAVOS

HISTÓRIA – (de Goiânia – GO) 13 de maio de 1888 a então Princesa do Brasil, Izabel, filha legítima de Dom Pedro, resolveu finalmente sair-se bem nos livros de história, acabando com 388 anos de escravidão nesta terra. Os negros de todas as origens e cantos africanos que foram negociados como animais nas praças e fazendas, enfim podiam se dizer livre das correntes, dos troncos e das crueldades que eles sofreram para enriquecer milhares de malfeitores brancos em nome do PROGRESSO Luso-Brasileiro.

220 anos depois, uma pergunta que não quer calar, desde aquela época, vem à tona em busca de respostas; será que o negro brasileiro de fato se livros das amarras da escravidão? Será mesmo que a Princesa Izabel assinou a Lei Áurea por espontaneidade de consciência ou se viu obrigada a agir como seu avô Pedro I em relação à libertação do Brasil de Portugal?

Um ano depois da “libertação dos negros” das senzalas o Brasil se tornou república; aquele foi o golpe mais duro em Portugal desde o desembarque de Cabral em Porto Seguro em 1500; a Europa que ainda tinha esperança de ter uma colônia no Novo Mundo via ruir as poucas chances disso acontecer e a Família Real, medrosa por história, da mesma forma que agiu com Napoleão, via-se a beira de um colapso interno; será que a libertação dos negros não foi um ato estratégico, por preverem uma rebelião generalizada, tendo os negros como seus únicos e poucos aliados?

Minha tese confronta com os livros de história e ainda vou mais além; eu creio e afirmo que dos negros africanos que viveram no Brasil até os negros genuinamente brasileiros, nenhum deles até hoje sentiram o sabor da liberdade na alta acepção da palavra.

A Corte portuguesa associada com a aristocracia medíocre criada no Brasil, da mesma forma que Espanha, Holanda, França e Inglaterra, utilizaram da mão de obra escrava dos africanos indefesos por séculos e até hoje os colocam sob a tutela da sorte, tratando de dificultar cada vez mais suas vidas o que impossibilita o processo de acesso ao cunho social moderno.

Nós brasileiros, devemos tantas obrigações com tantas raças e gentílicos que se um dia o Tribunal Internacional de Haya resolvesse condenar-nos ao pagamento mínimo por todas estas desgraças, teríamos pelo menos mais 500 anos de muito trabalho para quitar; argentinos, paraguaios, uruguaios, bolivianos e quase todo o continente africano já sentiu na pele o que era estar no caminho ambicioso dos mandatários brasileiros; mas com todos os outros, exceto os africanos, nós tivemos ataques nervosos por dinheiro e terras; já os negros da África somente tinham a nos oferecer os seus sangues, seus filhos e suas forças; os condenamos pela cor de suas peles e os pusemos na mais baixa condição humana; Hitler se fosse vivo naquela época era capaz de ficar com medo...!

Nascemos preconceituosos e isso ainda vai durar muitas gerações; mesmo em locais como a Bahia onde a população de negros é maior do que a de brancos há um enorme preconceito e descriminação; o negro é posto sempre em segundo plano e raramente vemos alguém de pele escura em ascensão no emprego ou dizendo-se feliz com o tratamento em geral com que lhe é atribuído.

Até pouco tempo atrás se ouvia dizer nos bares do país que só quem ia preso era pobre, puta e preto; Graças a Deus isso mudou um pouco e a tendência é melhorar porque a sociedade negra do Brasil e do mundo, observa as mudanças de modo gradual e aplica sempre que possível o seu protesto.

Sabemos perfeitamente que para isso mudar, necessita-se empenho de todos, inclusive dos próprios negros; correntes, cadeados e troncos podem ter sumido, mas os fantasmas de cada um destes objetos sobrevivem e assustam não só os negros, mas também a outra parte da sociedade que consegue discernir claramente que somos iguais e se há alguma diferença, nós brancos devemos tratar de consertar por que, afinal de contas, somos nós os culpados por isso estar acontecendo.

Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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