O código do papel

Uma mulher com pensamentos felinos é vítima do tédio matinal, vê números que não sabe para que usa-los, ouve passos que não sabe para onde vão, sente emoções que não entende de onde vem,olha para todos os lados e encontra um só desafio: um papel em branco.

Segurando uma caneta que não alcança palavras que possa escrever, num papel talvez um dia tão importante, sentia-se atônita e nervosa, pois ali estava o mair desafio de sua vida, passou horas rabiscando o seu nome e teve uma idéia: sentia que desejava, a principio, mostrar ao mundo os fatos que constituíram sua vida, tentou escrever sobre seus antepassados, mas descobriu que era filhas de todos e de ninguém, apenas da vida, não sabia ao certo o que escrever, então achou melhor contar o seu dia-a-dia, mas viu que todas as páginas seriam como códigos de DNA, chegou a uma conclusão, o que deveria era descrever as pessoas que passaram repentinamente em sua história, mas as páginas seriam tão vazias e tediosas quanto aquela tarde.

Pensou em falar do céu, do mar, da geografia, da filosofia, das plantas, dos seus pais, da tecnologia, do capitalismo e até vícios e pecados, mas analisou que tudo isso está sempre mudando e um dia o seu texto seria ultrapassado.

Como redigir um texto finalmente?Já tinha ela explorado pensamentos no tudo e no nada, no tempo e no incerto, na vida e no que nela há, no mundo e na falta de sentimentos, em Deus e no inimigo, na morte e pós-morte; então ela sorriu, deitou na cama, ligou a televisão, segurava a caneta enquanto olhava o papel rabiscado com vários nomes iguais, finalmente naquele momento sentia que estava crescendo e ainda sorrindo, ignorou as futilidades da TV e viajou na mais profunda água da existência, entendeu o que o papel queria lhe falar, que não valia a pena explicar ao mundo o que seria...inexplicável.

Tentou chorar para entender suas lágrimas, rasgou o papel, jogou a caneta longe, usou a ponta do dedo para sentir todo o tecido da sua pele, olhou fundo ao infinito e respirou devagar, desta vez estava de lábios colados e uma lágrima verteu sobre sua face,olhou-se no espelho, acabara de entender o código mais enigmático do ser humano, sorriu e enfim, completou o seu desafio com êxito, levou o dedo até seu coração ( batendo forte) e apertou fortemente...foi seu principio e seu fim...

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Shauara David
Enviado por Shauara David em 13/05/2008
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