DETALHE

Outro dia estava numa repartição pública aguardando ser atendida, quando entra na sala de espera, um homem vestido de branco aparentando seus quarenta e poucos anos. Olhou-me e exclamou um bom dia! tão cheio de entusiasmo que me desconsertou. Vou tentar traduzi-lo: - “um bom dia maravilhoso para você minha amiga! a pessoa que você espera acaba de chegar, disse ele”. Foi a primeira vez que o vi, e provavelmente a última, não sei nada sobre sua vida, nem ele sobre a minha . Mas seu jeito eufórico e gratuito de me cumprimentar, deixou- me intrigada.

O que me causou estranheza no seu comportamento entusiasta não foi só o fato de ele ser um funcionário público gentil e solícito ( sei que estou sendo preconceituosa, nem todo funcionário público é descortês, mas infelizmente esta atitude é a regra não a exceção, mas voltando ao assunto...)

E sim , a maneira descomplicada e feliz como (percebi que) ele vê a vida, claro que “meu herói” deve ter problemas financeiros, desafetos e feridas emocionais como todo mundo, mas sua capacidade de driblar as vicissitudes me deixou impressionada. E até envergonhada pela minha incapacidade de reverter angústia em sorrisos, como ele (suponho) deve fazer todos os dias.

Imagino que ele decidiu ser assim; sempre doar aos outros o que há de melhor em seu coração: fosse um sorriso, um bom dia , um elogio sincero, um gesto de carinho, uma palavra de conforto ou um incentivo. Este homem pôde ter descoberto que as células do amor, quando pulverizadas dissolvem infernos mentais. Com ele aprendi que ser feliz, também, é uma questão de escolha e de bom humor!

A propósito, a cor branca das vestes do meu personagem também me deixou curiosa, será que era ele espírita, evangélico, pai-de-Santo... Bobagem , esse detalhe é o que menos importa, o essencial sempre se esconde atrás da aparência.