Má Companhia
Ela sempre foi boa filha. Obediente, estudiosa, prestativa. Ninguém precisava tirá-la da cama de manhã pra ir à aula, preparava seu próprio café, fazia as lições de casa, ajuda nas tarefas domésticas. Freqüentava a igreja e o grupo de jovens. As amigas mais próximas já nutriam uma certa antipatia pela sua doce pessoinha, pois era sempre apontada por suas mães como o exemplo a ser seguido. Normalmente, nos momentos das broncas, o que aumentava ainda mais o rancor.
Mas... e toda história que começa com alguém tão perfeitinho, tem que ter um "mas"...
O tempo passou, ela cresceu, conseguiu emprego, diploma e arrumou um namorado numa cidade distante cento e poucos quilômetros de Brasília. E aí, começou o desespero. Todo final de semana em que ele não ia para Brasília, era um Deus nos acuda para que ela viajasse ao seu encontro. O pai emburrado, a mãe lastimosa. Três anos e meio deste inferno e ela não agüentou mais: alçou vôo e foi morar de aluguel. Ainda assim, procurou manter um bom relacionamento com a família. No início foi difícil, mas depois, conseguiu algum sucesso.
Porém teve certeza de que tudo estava mesmo perdido quando o irmão veio procurá-la um dia:
- Mamãe não quer que eu namore a Luíza.
A Luíza em questão, por quem o irmão vinha arrastando as asas há algum tempo, era a melhor amiga dela. Criada por uma família igualmente estruturada e religiosa. Uma boa moça, formada em direito, responsável, trabalhadora, ligada à família... Não havia nenhum motivo para a implicância da mãe. Perguntou, realmente surpresa:
- Mas... ela disse porquê?
- Disse! – e imitando a mãe: - “Não gosto dessa moça! Ela anda muito com a sua irmã.”