Educação a passo de tartaruga
Desde que comecei a minha vida profissional no âmbito da educação e isso foi a 25 anos atrás, venho observando em muitas escolas por onde passei,uma realidade muito triste da educação. Durante todos esses anos, estudei, fiz muitos cursos,procurei estar atualizada, mas a escola continua quase sem progresso algum, infelismente.O ensino ainda prima pela coerção,agora sutilmente disfarçada. E, embora os recursos financeiros tenham aumentado, os espaços físicos em muitas escolas no interior do estado, e falo da Bahia, continuam ainda em estado pracário. pinta-se os muros e as paredes mas...
A questão da inclusão é outra "balela". Muito preconceito, e falta de monitores para as crianças portadoras de habilidades especiais, espaços físicos inadequados, salas cheias e muitos problemas a serem solucionados.
O setor pedagógico, um caos! E o discurso continua bonito...Mas a prática difere muito da realidade. As nossas crianças e jovens vivem em meio a um descaso constante, pois, a educação sempre foi vista para uma grande maioria como "bico", por necessidade talvez. O profissionall pula de galho em galho, correndo para lecionar em várias escolas e o stresse e a angústia vão crescendo cada vez mais.Cresce o sonho da aposentadoria.
Sou tachada de revolucionária. Muitos diretores de escolas "correm de mim" pelo fato de estar sempre alerta e tentar construir e o reconstruir o conhecimento de uma maneira mais libertadora, com limites sim, mas sem xingamentos aos alunos, com merenda de boa qualidade, sem falta de material didático e tecnológico com área para lazer e laboratório de informática...Coisas básicas para um mundo globalizado. Reivindico tudo isso, mas ninguém gosta.Mesmo com os recursos, muitas vezes, mal utilizados e centralizados... Ainda falta muito para dizermos que a educação vai bem.
Um lápis, borracha, um simples caderno... falta tanta coisa... Recicla daqui, recicla dali...Ah, quanta ilusão, quanto faz de conta!
O EJA( Educação de Jovens e Adultos) uma barbaridade!Falta livro, orientação, um abandono total! Ninguem sabe responder nem diz como fazer nada. Vamos inventando, criando, tentanto fazer educação com o material disponível. Livros do ensino regular, livro da Regularização do Fluxo e por aí vai. O professor tem que se virar!
A inclusão está longe de ser realizada a contento,enquanto a política partidária continuar exercendo pleno poder nas escolas e os coordenadores pedagógicos ficarem de fora do contexto das unidades escolares, vai ser difícil uma mudança sólida e gradativa. Essa é a nossa realidade. Falar para que? Mas eu falo! Pouco adianta, isso é verdade, mas registro o meu horror diante de tão pouco caso com o futuro de gerações.
Com uma tal de nucleação, os alunos da zona rural, saem de suas casas e vêm para as escolas em carros cobertos por uma lona sem qualquer conforto ou mesmo segurança, esquecem livros e muitas escolas não dão acesso ao aluno utilizarem os livros da biblioteca. As zonas rurais estão sendo esvaziadas, os jovens estão vindo precariamente estudar nas cidades.isso é um fato que nos preocupa.
Se formam milhares de professores todos os anos e não vão para as escolas. Procuram outros setores para trabalharem por falta de opção. Pessoas com idade e tempo para aposentadoria ficam anos trabalhando sem mais "pique", enquanto jovens esperam uma oportunidade com toda a energia acumulada e disposição. Os governantes deveriam sim, investir no desenvolvimento das localidades rurais, evitando o exodo. que tanto prejudica e faz aparecer as favelas e em consequência o estimulo à marginalidade.
Corre um boato, de que haverá eleição para as direções de escolas, sim, boato, porque as pessoas que vão para as videoconferências, não repassam as informações. Um pequeno avanço aleluia!
Esse desabafo é para acordar os colegas que dormem e muitas vezes, ficam sem falar comigo, por medo e dizem: cuidado com confusão!
" Os mornos serão vomitados".