Terra de futilidades

Odeio o site do Terra. Não sei por que eu ainda tenho o impulso automático de clicar no link. Acredito que eu sempre tenha a esperança de alguma notícia importante. Ao abrir a capa, me deparo com milhares de futilidades mal distribuídas na tela. É um mix de laranja e vermelho que chega a cansar os olhos. Quem são os webdesigners do Terra? Eu espero nunca precisar deles.

Boa parte da página é composta por propagandas de todos os tipos de produtos. As mais escandalosas apelam para frases do tipo “Clique aqui”, “Frete Grátis” e “Tá na hora de comprar!”. Todas elas brilhando e piscando desesperadamente na tela do meu PC. Aí a minha paciência já entra na contagem regressiva.

Tento ignorar toda essa mendigagem e mantenho a esperança. Passo os olhos pelo resto da página e, TODOS OS DIAS, eu encontro:

*Uma prostituta mostrando tudo num ensaio que eles intitulam de “sensual”.

*Fotos de celebridades fúteis freqüentando festas, teatros, shows ou, até mesmo, passeando no calçadão com seus filhos, todas escabeladas e sem maquiagem parecendo umas bruxas. Essa é a vida real. O outro lado do glamour.

*Dicas de sexo, como se sexo fosse o tipo de coisa que se ensina teoricamente e como se os leitores fossem uns leigos no assunto.

*Pelo menos uma pessoa famosa que causou escândalo em praça pública.

*Especulações sobre acontecimentos de novelas.

*Enquetes sobre assuntos totalmente desnecessários e secundários como “Você gostou da estréia do Corinthians na série B?”.

*Atualmente, no mínimo uma manchete com imagem sobre o caso Isabella, contendo uma frase “bombástica” como: “Avô diz que Ana Carolina sente saudades de Isabella”. Pô, é lógico que ela sente saudades, afinal ela é mãe da menina e não está achando nada engraçada essa situação. Manchete mais banal e óbvia. Chega a ser até um deboche.

*Beleza, saúde e coisas do tipo: “cabelo detonado pelo secador tem conserto.” e “confira as dicas para acabar de vez com o chulé”.

*Esotérico: “Veja se vocês combinam de acordo com o dia da semana em que nasceram”. Como assim? O que vai determinar se eu combino ou não com meu marido é o dia da semana em que nascemos?

Essa é a última pauta que leio e a minha paciência vai para os ares. Espero não ter esse impulso embebido em esperança amanhã. Seria melhor bloquear esse mar de futilidades.

Raquel Corrêa
Enviado por Raquel Corrêa em 12/05/2008
Reeditado em 12/05/2008
Código do texto: T986083
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