Pro de dentro

Por algum tempo não entendi o motivo de,na aproximação do dia das mães,os jornais,revistas e sites se encherem de lirismo.Xingamento virava "profundo ensinamento".Controvérsias,"aprendizagem eterna".À procura de uma resposta viável,me voltei à minha casa.

Comecei a reparar atentamente em minha mãe.Do brilho nos olhos quando alcança o objetivo,já tinha conhecimento.Adora torta de chocolate e passa longe de bife mal passado.Tem uma sede de sapiência incomparável mas adia até o último momento tarefas que a desagradam.

E não há nada que a torne mais lírica que seu dia-a-dia.Mesmo porque o amor que conduz a poesia,para a mãe,é constante: independe do fato e,sim,da existência.O recheio só contribui para a admiração que,relevantemente correlacionada com o materno,tem significado etimológico "olhar de perto".

Se o poema vem de dentro,o que os dedicados a "todas as mães do mundo" fazem é apenas exteriorizá-la abundantemente.Penso que não seja necessário:a própria figura materna é dotada da beleza da espera e carinho,elementos que nenhuma combinação de palavras consegue superar.A minha,pelo menos,assim é e aqui em casa palmadas continuam palmadas,conversas enriquecedoras assim permanecem,boas lembranças se perpetuam e aprendizado é contínuo.

Mas o amor...se transforma.Em amor.

Em especial à minha,desejo às mães vários dias sentidos como o segundo domingo de maio.

E uma caipivodka.Com Orloff,para não dar dor de cabeça.