Caminhos tortos levaram Rosa para muito longe, tão distante que ela não conseguia encontrar a volta. Seguiu caminhando pelas ruas ouvindo música e enxergando cores demais. Perdeu-se nos sonhos alucinantes, na cachaça e na vodka.
 
Três internações e tantas outras idas a clínicas de reabilitação sem sucesso.
 A dor da abstinência em promessas vazias, medicamentos pesados e longos silêncios.
 
Sacudia a cabeleira longa e cacheada, declamava suas poesias dolorosas e viscerais, ria da loucura e não fazia parte de nada. 

A liberdade extremada nunca permitiu que encontrasse um porto onde se abrigar.
As tempestades e tormentas arrastavam-na mar adentro, cada vez mais fundo e distante.
 
Queria ser uma sereia, uma fada ou princesa. A realidade cinza “crackelada” em espirais instantâneas de picos de falsa felicidade são sedutoras, irresistíveis.
 
 Uma mente tão brilhante e rica, capaz de despertar sentimentos nos que liam seus poemas crus.
Exibia pedaços de lembranças sem pudor, do jeito natural e Rosa de ser, viver...existir. Intensamente. Insana.
 
Alma pequenina partilhando seus tesouros na caixinha de madeira, bonecas partidas, pedacinhos de momentos e pequeninas jóias de plástico. Doente, cansada, abatida, cortada e apenas vinte anos.
 
 A mãe era a única coisa real no mundo da menina dos olhos de estrelas.
 E o amor de uma mãe pode tudo, descer os abismos da depressão, escalar as montanhas oscilantes, equilibrar-se  na corda bamba do mundo real e da fantasia.
Pode até perdoar e amar a filha drogada e ter forças para regata-la.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 11/05/2008
Reeditado em 22/08/2008
Código do texto: T985222
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