O FERIADO QUE NÃO DECOLOU

O FERIADO QUE NÃO DECOLOU

Antes de abordar o assunto, se faz necessária uma definição: sou um vira-lata e tenho sangue de todas as raças, infelizmente, me falta o de asiáticos. Tenho o maior orgulho desta mistura e me entristeço ao ver negros, amarelos, vermelhos, ou brancos preconceituosos, pois o que conta é o equilíbrio e a competência, não a cor da pele.

Sou contra a idéia de que aos negros deveria ser dada alforria e direitos extras. Deveriam ter sido pagos, por sua exploração.

Pelo menos em minha família (ninguém rico de origem, nem por herança, ou invasão de terras), fomos todos ensinados a amar a terra mãe, a falar com sinceridade, a pedir desculpas quando erramos e a não engolir mentiras de coronéis exploradores, safados.

Quando anunciaram o dia comemorativo da consciência negra (escrevo em minúsculas de propósito) senti um arrepio, pois me ultraja a burrice demagógica.

Aliás, tenho dó de todo burro acomodado, tenha que cor, credo ou profissão declare. E digo já: _ A dó é para mim, o pior sentimento que o ser humano pode nutrir. Não conduz a nada e humilha o ser coitado.

Mas por incrível que pareça e para minha alegria, muitas cidades se recusaram a comemorar tal data. Vi pretos, brancos e maquiados trabalhando, com muita disposição e tentando superar as vacas magras com um trabalho mais caprichado, enquanto os políticos safados faziam média, para escondê-las.

Vi funcionários públicos negros botando a boca no trombone e dedando seus chefes, que os maltratam e mostram que burrice não é privilégio de cor.

Vagas nas escolas delimitadas para negros? Idéia preconceituosa. Entra na escola quem é competente. O pagamento, tira de onde? Financiado com devolução após a formatura, com desconto em salário, que tem que ser condigno e não safado, como o dos professores e o dos médicos do S.U.S.

Felicito as cidades que boicotaram o feriado.

Meu avô, um mulatinho enxuto, deve ter virado na cova, ao saber da data. Ele era consultor da prefeitura de sua cidade, por todas as gestões, enquanto viveu. Sua profissão? Dono de um armazém que se expandiu e virou uma loja do tipo empório, comum no século 19 até meados do 20. Sua Bibina (Josefina), era de descendência européia, brasileira de nascença e adorava aquele mulatinho, com quem trocava falas sapecas, presenciadas pelos netos mais velhos.

Saúdo o Brasil, que só precisa de um ensino mais real, adequado para fazer uma faxina nos partidos políticos e despertar o sentimento nativista, que abriga inclusive a maior comunidade japonesa fora do Japão; todos brasileiros, felizes por aqui terem aportado.

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Dr. Márcio Funghi de Salles Barbosa

http://www.recantodasletras.com.br/autores/drmarciofunghi