"Quem Tem Mãe Tem Tudo" =Homenagem =
Mãe, às vezes, te vendo passear pela casa com seus passos lentos da terceira idade, um tanto quanto diminuída em seu tamanho com o passar do tempo, me lembro de você ainda jovem e já cheia de filhos, de trabalheiras, de responsabilidades, e mesmo assim sempre encontrando um jeito de ser mãe em tempo integral.
Lembro-me de você magrinha, loura, bonita, carinhosa e decidida, enérgica quando preciso, mas sempre pronta a ajudar a todos os seis filhos, preocupando-se com cada um como se fosse o único.
Gosto de me lembrar de, nos anos sessenta, você e o pai saindo de Lambretta pela ainda quase pacata São Paulo. Você ia de lenço colorido na cabeça, óculos escuros, calça comprida, bem abraçada ao nosso saudoso “velho” (que hoje em dia percebo o quanto era jovem ao morrer...), e matava muita gente de inveja porque era difícil acreditar que aquela mocinha já era mãe de cinco filhos àquela altura da vida e que o marido não admitia sair sem ela.
Até hoje rio quando nós três, os filhos homens, fomos à mesma lojinha em um dos Dia das Mães, e cada um comprou pra você um presente. Os três absolutamente iguais porque nenhum de nós queria ficar por baixo. Três bibelots brancos, de porcelana. Você agradeceu a cada um como se fossem presentes inéditos, absolutamente originais.
Gostoso lembrar também que quando o pai viajava você nos colocava a todos em sua cama, passava a chave na porta do quarto, e dormia sem medo com a cama lotada. Mas antes que ficasse tarde um de nós tinha que correr até o Clube e comprar um pacote dos doces escolhidos para aquela noite. Foram os melhores doces de minha vida.
Quanta fibra você sempre demonstrou ter, mãe. Muita gente teria entregado os pontos com muito menos do que a vida lhe deu de sustos, de problemas, de situações complicadas com relação à saúde de alguns de nós. E nestas horas você foi sempre o apoio firme que todos nós jamais dispensamos. Graças a Deus agora vivemos no que podemos chamar de calmaria da vida, mas as barras passadas foram difíceis. Felizmente nosso cérebro acaba sempre deletando os maus momentos e preservando os bons.
Por falar em bons momentos, sempre foi gostoso viajar contigo, mãe. Mesmo casado e com filhos, eu torcia sempre para que você pudesse me acompanhar nas viagens de centenas de quilômetros que fazia, a trabalho, por muitas cidades. Quantos papos legais tivemos nessas andanças automobilísticas. E você não dormia sossegada enquanto eu dirigia, não por não confiar no motorista aqui, mas por medo de disco voador. Um medo que sempre a acompanhou e que sempre nos fez rir.
Quando te abraço, te beijo, de aperto de encontro ao meu peito e digo que te amo muito, é um dos momentos mais sinceros de minha vida. Você nem pode imaginar o quanto sempre te amei.
Lembra quando o Dinho abraçava a vó Marocas e dizia que “quem tem, vó tem tudo”? Ela sempre ria com gosto, nossa querida Maroquinhas, e demonstrava gostar muito da frase. Uma frase que bem expressa meu sentimento, mãe: “quem tem mãe, tem tudo.” Quem tem uma mãe como você, mãe, tem tudo e mais um pouco.