MAIS UMA SEGUNDA-FEIRA

Segunda é um dia em da vontade de não acordar e ficar dormindo, ainda mais depois de acordar tarde e não fazer nada no final de semana. Mas como a vida não é do jeito que a gente quer, toda segunda começa uma nova semana, em que tenho de acordar cedo pra ir trabalhar.

Nem bem chego ao ponto de ônibus e já avisto a longa fila, todos com a mesma cara de que não queriam estar ali, no frio da madrugada, enfrentando uma tremenda fila para entrar em um ônibus super lotado. Não sou o único a dormir em pé e bocejar.

E quando o ônibus chega, é a hora da luta, engraçado como parece que todo mundo esta em cima da hora ou atrasado, pois é um desespero só, ninguém quer ficar de fora, nem que tenha que ir pendurado na janela. Enfim quem conseguiu entrar entrou e quem não conseguiu, o jeito é esperar ansiosamente a chegada do próximo, xingando cada segundo de atraso.

Naquele aperto em que mal da para respirar, eu vou quase cochilando no ombro de uma senhora na minha frente. E depois de meia hora me sentindo uma sardinha chego ao trabalho, e não é que tem fila para bater o ponto. A segunda-feira devia se chamar, segunda–com–fila, se bem que tem fila pra tudo a semana inteira, sendo assim deviam mudar o nome de todos os dias da semana.

Como aquele dia era o dia do pagamento, foi correndo na hora do almoço para banco, precisava pegar dinheiro e pagar algumas contas em atraso. Mas parece que não fui o único a ter esse pensamento, a fila do caixa eletrônico fazia ziguezague. Não sei por que as empresas têm que ter a data do pagamento igual uma das outras.

Meia hora depois mal peguei o valor simbólico que é meu salário, e corri para o caixa para pagar a tonelada de boletos e contas, e a adivinha? Ninguém paga as contas em dia. Querem sempre esperar para o dia em que recebem, até entendo que seja o único dia do mês em que todos têm dinheiro, mas se já esta tudo atrasado, o que tem atrasar mais um dia? Mas como todos nós assalariados, queremos nos ver livres dos telefonemas de cobrança e das ameaças, não resta outro jeito ao não ser aguardar na fila quilométrica a nossa vez.

E assim perdida a hora do almoço, voltei para o trabalho em cima da hora. O resto do dia pareceu uma eternidade, parecia que até o relógio estava com preguiça de trabalhar.

E no fim do dia à volta para casa não foi muito diferente da vinda, a mesma multidão cansada e sonolenta formava fila para aguardar o ônibus, que alias do mesmo jeito que veio voltou lotado.

Assim chega ao final mais um dia de trabalho, e como a sexta-feira ainda esta longe, não resta outra opção a não ser dormir e esperar o dia seguinte, rezando para que os ônibus não entrem em greve, nem os trens, menos ainda o metro. E que talvez eu possa chegar um pouco mais cedo, no ponto de ônibus, para conseguir um lugarzinho e assim ir dormindo durante o trajeto, afinal de contas ninguém é de ferro.