PELAS BARBAS DOS PROFETAS!
Merecildo encontrou a sua cara metade! Uma linda mulher. E além de linda, simpática, culta e muito inteligente. E com uma elegância ímpar! No primeiro encontro, Merecildo ajeitou a sua bela barba e se perfumou. Foi ao encontro da bela moça. Primeiros olhares, primeiras conversas e o primeiro beijo. Depois desse, outros muitos vieram. A linda moça passava a mão na barba curtinha de Merecildo e dizia como era linda. O rapaz ficava todo inchado. A namorada nunca mais o chamou pelo nome, só de “babuzudinho”. E com aquela voz linda e doce.
Os meses foram se passando, o namoro seguia forte. E a barba também. Toda vez que ficava grande, a namorada fazia questão de cortar. Para ela era um ritual. Primeiro passava a máquina para deixá-la baixinha e depois a tesoura para tirar os fios grandes. E, finalmente, a gilete para tirar os fios encravados. Pronto! Merecildo estava novinho em folha. Á noite faziam amor e a namorada só faltava arranhar o seu rosto na barba do Merecildo.
Um ano de namoro e a namorada colocou várias fotos do Merecildo na internet. Todos com ângulos diferentes da barba. Nem o nariz do próprio rapaz apareceu. Só a barba! Parecia uma mata fechada com os ângulos fechados. Até concurso para melhor barba feita, a namorada colocou Merecildo para concorrer. Ganhou...
Mas Merecildo começou a ficar enciumado da própria barba. Um dia disse que iria tirar para mudar o visual, mas a namorada chorou. Fez uma verdadeira cena de novela mexicana. Ele não podia fazer isso com ela, tirar a barba que ama tanto. Ama tanto? Afinal, ele ama o Merecildo ou a barba dele?
Em uma noite de chuva forte de raios e trovões, Merecildo sem dor e piedade cometeu um “barbocídio”. Seu rosto ficou mais liso que bumbum de bebê. Ele ria alto em frente ao espelho com a máquina ligada em sua mão. E os raios iluminavam cada fio que saia de seu rosto. Bom, o namoro terminou. Ela disse que sem a barba, Merecildo não era o mesmo.
Revoltado, Merecildo nunca mais deixou a barba crescer e não queria saber de namoro. Só curtir as noites. Alguns meses se passaram e Merecildo estava em uma boate. Música alta, poucas luzes e muita gente dançando. No meio da pista, um homem com uma barba bem feita e muito perfumado passou a mão no bumbum do Merecildo. Este levou um susto e disse a ele que era hetero e tal... O rapaz coçou a barba, sorriu e perguntou com aquela linda voz suave e doce:
- Não está me reconhecendo, meu babuzudinho?
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