Ela e o mar...

Garota de vinte e três, como todo brasileiro de classe média baixa, não fez faculdade, conseguiu uma profissão graças a um curso técnico. Trabalhava para se sustentar, tinha uma vida simples, mas confortável.

Apesar de ter uma vida aparentemente tranqüila, sentia angustia e um vazio muito grandes. De inicio tento preencher de várias formas, homens, bebida e baladas. Porém nada disso acalmava sua ansiedade.

A cada passo as coisas pioravam, cada vez mais se afundava na lama. Sempre repetia mais para si mesmo que para os amigos, “beber é bom, se ficarmos presos a nossas vida todo o tempo ficaremos loucos, precisamos esquecer as dores e os problemas de vez em quando”.

Seu outro balsamo era o mar, sempre que ia a praia, sentava e admirava em silencio, logo depois em meio a água se sentia bem como em nenhum outro lugar.

Como a muito não via o mar, seu único balsamo passou a ser as noitadas com os amigos, sempre acompanhada de seu violão e suas canções preferidas, preenchia suas noites vazias em São Paulo sempre acompanhada de seus amigos, valorizava aqueles momentos como se deles dependesse sua vida. Também gostava de ler, dois de seus assuntos favoritos era filosofia e teologia, e por ser conhecedora dessas ciências, deveria saber que nunca devemos entregar nossa vida nas mãos de outras pessoas, nossa felicidade e nossas escolhas devem depender única e exclusivamente de nós e de nossos próprios sentimentos e pensamentos.

Não foi isso que ela fez, entregou a vida a seus amigos, esperou deles o amo e o apoio que a maioria dos humanos não é capaz de dar, entregou a eles a fé que deveria ter em si mesma, deixou as pessoas a levarem de encontro as paixões e aos vícios, aos poucos perder o respeito, deixou de escolher e com ajuda de seu próprio ego traiçoeiro, enganou a própria mente para acreditar que andava pelo caminho certo, para acreditar que a vida era isso, noitadas com amigos, experimentar drogas, e dormir babando e fedendo álcool segurando o violão.

Foi assim, é assim que as pessoas fogem da própria sensibilidade, é assim que fogem da dor, é isso que entendem por vida, é assim que se tornam cegas.

Mas a vida, a vida é sábia e pode tirar a venda de seus olhos e mostrar a luz novamente e com ela, tornar a formas nítidas para novamente poder enxergar, foi isso que aconteceu.

Depois de ficar anos sem se aproximar do mar, ela foi com os amigos e suas bebidas, a idéia era fazer um luau.

Lá estava ela, com seus amigos dançando, tocando e bebendo em volta da fogueira, menos de duas horas depois a maioria deles não agüentava mais ficar em pé, sem ter o que fazer sentaram em volta da fogueira e ficaram rindo alto e falando despautérios.

Os moradores locais vendo aquele bagunça, decidiram chamar a polícia.

Quando as pessoas da fogueira ouviram as sirenes da viatura, levantaram e correram para o carro, todos menos ela, estava bêbada demais para conseguir atinar o caminho para o carro, acabou correndo para o lado oposto, enquanto seus até então ditos amigos, entraram no carro e correram sem olhar para traz.

Agora caminhando por uma praia deserta em total penumbra, cansada de tanto correr e com a ajuda dos efeitos do álcool e da maconha, ela desmaia.

Já era dia quando acordou assustada, sentindo o gosto da areia salgada em sua boca, com uma dor de cabeça de assustar, mau se lembrava dos acontecimentos passados. Sem saber o que fazer começou a caminha em direção a praia onde estava, quando chegou lembrou-se perfeitamente dos acontecimentos, de seus amigos correndo sem se quer lembrar que ela havia ficado para traz, e mesmo agora, já era dia e não eles não voltaram.

Caminhou até a beira do mar e com a água tocando seus pés, pela primeira vez se perguntou se aquilo realmente era vida, aquela dor de cabeça era velha conhecida, seus até então considerados amigos a deixaram se quer lembraram dela. “Será isso amisade?” se perguntou, “O que estou fazendo comigo?”, “Que decisões tomei e por que as tomei”. Ela sabia a resposta. Lentamente ela entrou no mar, dando um passo da cada vez, sentindo a água cada vez mais cobrir ser corpo, quando a água alcançou a cintura, começou a boiar e quando foi atingida pela primeira onda afundou e começou a se afogar.

Um homem observava tudo da praia, quando percebeu o que acontecia, se jogou no mar e a trouxe de volta a areia, ela estava quase morta quando a levaram ao hospital.

Após ter dormido por muito tempo, finalmente abriu os olhos e acordou de seu sono...

Sabrina Ferreira
Enviado por Sabrina Ferreira em 08/05/2008
Reeditado em 20/02/2009
Código do texto: T980932
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