Barack Obama = A Revanche Berenice Heringer

Vendo na TV a maratona dos candidatos à corrida presidencial nos EUA, tive uma premonição: o vencedor vai ser o Obama. Admiro Hillary Clinton, uma mulher combativa, culta, inteligente, mas tolerante aos deslizes do maridão 'bill pínton'. Isto nos faz subtrair uns pontos do seu placar. Igual à mulher do renan calheiros, que apoiou resignada as peraltices e mentiras do seu (dela) prevaricador. Essas mulheres são peritas em achar as moitas onde há coelhos, sabem onde o calo aperta e seguem direitinho o 1º mandamento do catecismo doméstico de nossas bisavós, que aconselha: ruim com eles, pior sem eles...

Muitas queimaram os soutiens em praça pública na década sixty, como Betty Friedam e Germaine Greer, voltaram atrás e refizeram o caminho de compostela. Costela e estrelato. Tudo a ver. Ambas as Mônicas, a de lá e a de cá, tiraram suas casquinhas e obtiveram seus minutos de glória. A Levinski, oralmente. A Veloso, veladamente, depois via loby e tv Fama, enquanto o lobo voltou para o aconchego do lar nas alagoas, pois as matriarcas não arredam pé das lareiras domésticas.

Chamando Barack Obama à cena, pós- imbroglios: chegou a hora e a vez dos afros, incontestavelmente. Há quarenta anos começou o desenredo da história. Talvez há quatrocentos, com a escravidão, o tráfico, a diáspora. Em 1968, o ano que não terminou, segundo Zuenir Ventura, as guitarras de Woodstock continuam a retinir, os estudantes franceses a passeatar, os beatles e hippies a cantar e dançar, Martin Luther King a tombar do palanque e do púlpito, e muito mais...Quatro décadas, quarenta anos. Quatro movimentos começaram a se esboçar e foram engrossando as fileiras e arregimentando militantes mundo afora. O feminista, o grito da negritude, a parada gay e a Ecologia. Quase todos de periferia, até chamados de minorias. Mas a avalanche atingiu todas as camadas, foi uma invasão intracelular. No Rio de Janeiro as favelas e periferias são centrais, como bem explica a Regina Casé. As festas Rave reúnem uns 25 mil. As funks, não sei quantos. Multidões...Todos embalados num rítmo acelerado, frenético e ensurdecedor por mais de 48 h seguidas. Parece que o grande barato não é o sexo grupal ou orgíaco, com drogas ou sem, mas uma sublimação dos sentidos num êxtase alucinante e sem fronteiras. A revolução sexual, graças à pílula, sacramentada pelos hippies com a bandeira de paz e amor, não acabou com as guerras, mas desencadeou as DSTs, o baby- boom e o consumismo. The feminism and the gay-moviment resultaram na contra-revolução sexual: a AIDS.

Hoje investe-se tudo no aqui e agora, um lema dessas lutas libertárias. O Ideal procurado na Utopia esvaziou-se, porque não se investe mais no futuro do Planeta Terra depois do buraco na camada de ozônio, o aquecimento global, o degelo dos Pólos, a superpovoação, a escassez de víveres. Nesse caos, o nirvana é a indiferença, a anestesia, o comodismo.

A cada dez filmes americanos em exibição, nove são dirigidos, patrocinados, produzidos, estrelados e consumidos por negros. Os atores mais bem remunerados, os endeusados, são todos negros. Eles vão governar tudo mesmo. Neste 2008 há tantas efemérides que não sobra tempo para o ano correr. Há 120 anos acabou a escravidão aqui. Entretanto, a África vai sucumbir, por calamidades, doenças, miséria, fome, guerras e violência. Esta é a hora da vez dos descendentes de escravos, os afro-americanos, dominarem o Mundo. Os escravos apartados da mãe-África fincaram suas raízes nos novos continentes e se salvaram! Mesmo que tenham sido dizimados aos montões. É um paradoxo! Os ancestrais dos escravizados que ficaram lá vão desaparecer. O Êxodo em Êxito, uns 400 anos depois. Um resultado mais sensacional do que o obtido pelos hebreus após caminhar e sofrer 40 anos no deserto. Só Caleb e Josué chegaram à Terra Prometida.

VV, 06/05/08.

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 08/05/2008
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