O Mês de Aniversário
Abril foi meu mês de aniversário. Isso mesmo! Comemorei um mês inteirinho! Igualzinho ao Carrefour ou o Park Shopping, por exemplo. Calma aí! Não vou sair por aí anunciando as incríveis ofertas especiais pela passagem da data. Apenas os festejos estenderam-se por quatro ótimas semanas.
Tanta comemoração acabou me custando um acrescimo de dois indesejáveis quilinhos no visor da balança. Crime e Castigo, já diria Dostoievski ou mera lei de Causa e Efeito, não importa. Pretendo livrar-me deles logo, porque agosto é o mês de aniversário do marido, quando eles devem ressurgir, triunfantes. E tome efeito sanfona, pois assim que conseguir tornar a perdê-los, já é Natal de novo...
Entenda! Não é que sejamos dois festeiros desmedidos. O problema é mesmo incompatibilidade entre a quantidade de amigos e o tamanho do imóvel. São muitas tribos, cada uma delas com índio bastante para encher a sala do apartamento, invadir quartos e varanda, expandir-se corredor à fora, dominando até a aldeia do vizinho se ele, incauto, esquecer de trancar bem sua porta.
Para evitar problemas com o condomínio, fazemos festas à prestação. Numa noite comemoramos com os colegas do trabalho, na outra com os amigos de infância, no sábado um churrasco na casa dos sogros, no domingo, o almoço especial preparado pela minha mãe, com prato à escolha da aniversariante: Eu! Oba!!
- Ah, não, Nena!! Neste ano, você não vai pedir dobradinha de novo, vai?
- Não é dobradinha! É cassoulet! - respondo fazendo biquinho.
- Tá! Também acho que em francês até palavrão fica bonito, mas ainda assim, merde c'est merde!
Na quarta aproveita-se o feriado da quinta para reunir a turma do antigo emprego. No dia seguinte, feijoada com a galera do tênis... e por aí vai. Ao final dessa maratona, até que os dois quilos nem parecem tanto assim...
Resolvemos dar um jeito no problema. Vendemos o apartamento, os dois carros, a moto, geladeira, fogão, móveis, calcinhas e cuecas, pegamos emprestado com a CEF e com o BQM (Banco da Querida Mamãezinha) e construímos a casa dos nossos sonhos. Só a sala é maior do que o apartamentinhozinho de dois quartos recém desocupado.
Não deu. Novos hobbies: pedal, coral, Proanima, barragem... Novas tribos, novos índios. Alguns em pé de guerra com os outros, impossível reunir todos na mesma oca, que dirá nessa maloca.
Conformados, refazemos a agenda.
- Hum! Sobrou um final de semana livre aqui.
- Não sobrou, não! É o aniversário da mamãe!
- Anhé? Já sabe o que ela vai querer pro almoço?