RODA GIGANTE

A gente passa a vida toda sentindo medo, medo de se expor, de altura, da mudança de rota, do desconhecido, do futuro, medo até, e principalmente, da inevitável morte.

Passei anos da minha existência, sentindo medo.

Um dia resolvi desafiar meus medos mais infantis como o de escorregar no tobogã aquático e passear na roda gigante de um parque de diversão. Naquele momento meu medo era estarrecedor, mas resolvi enfrentá-lo, seguir em frente. Apesar da minha angústia, sabia que era um desafio que precisava desmitificá-lo até o fim, era tarde para recuar, alguma coisa me dizia que eu precisava prosseguir. Meus gritos eram aterrorizantes. Mas no final da experiência me senti mais leve. Exorcizei os fantasma que moravam em mim, expulsei os bichos que afligiam a minha alma e percebi que eu era capaz de ser feliz. A felicidade não está num lugar específico e inalcançável, a felicidade não é um troféu predestinado aos justos. Qualquer um pode usufruí-la: deuses, pagãos, nobres e plebeus. A felicidade são frames, segundos, minutos de êxtase, se não estivermos abertos e sensíveis para recebê-la, passaremos uma eternidade sem encontrá-la e senti-la em toda sua nudez e despretensão, porque ela é simples como um sopro, ou melhor, como um grito ( libertadora...!)