Solidão.

Acendeu um cigarro e se movimentou até a janela, as únicas luzes que se viam dentro daquele apartamento era a brasa do cigarro e as luzes dos carros lá fora,parecia que a solidão tinha chegado, o mundo lá fora não lhe atraia em nada, fazendo com que ele olhasse para o chão e sentisse a maior vontade de abraçá-lo, tão rápido que ninguém conseguiria alcançá-lo, uma vontade doentia de abrir uma vodka, fechar as janelas e ligar o gás, morreria sozinho, assim como imaginou que seria a vida inteira, morreria sem que ninguém sentisse sua falta.Logo ele que sempre gostou de dançar rock's sem compromisso, beijar prostitutas caras sabendo que elas não esperariam nada pro amanha, nadar pelado de madrugada na água gelada do mar, a vida é mesmo uma irônia sem fim.

Olhou para o céu, e perguntou a Deus o porque tudo acabaria daquela forma, pediu as estrelas que lhe enviassem uma resposta pra todas suas perguntas não feitas verbalmente, porém feitas através das noites de insônia, dos baseados, das agulhas que atravessavam sua veia fazendo com que ele dormisse durante horas, abriu um licor, daqueles bem doces, na intenção de quem sabe sentir em sua boca algo mais prazeroso do que o gosto daquele cigarro mentolado, ligou o rádio bem baixinho na esperança de ouvir a notícia que em menos de 24 horas o mundo iria acabar e ele não precisasse ligar o gás, mas a notícia não chegou, imbecil foi ele de pensar que a vida lhe daria algo assim, tão fácil.

Caminhou até o banheiro, ingeriu alguns comprimidos para dormir, e antes de fechar todas as janelas olhou uma por uma na esperando que alguém gritasse o seu nome, suplicando para que ele não fizesse aquilo, olhou o céu, sem nuvem alguma, já era inverno, foi até a cozinha, ligou o gás, deitou no chão e adormeceu, com planos de acordar em algum lugar já distante dali, desesperado por não poder voltar atrás, ou aliviado por ter acabado com tudo sem ao menos fazer barulho.

E lá se foi o último inverno da sua vida...