Paradígma pagão
Foi entregue pelo pai, a um ilustre senador romano (pedófilo?!), ainda criança, o ilustre advogado Cícero, criador da máxima que orienta o direito até hoje: “importa a versão que se dá ao fato e não o fato”. Importa a versão que se dá ao assassinato e não o assassinato em si.
Vêem-se na TV advogados bem vestidos, pele boa, impecavelmente instruídos, bom português na ponta língua – tudo isso para distorcer os fatos e livrar a cara de malandros que defecam nas leis e não têm coragem de enfrentar a verdade. Gentes que enfraquecem as leis, desprezam a ética e comem vivo o semelhante em nome da aparência. Querem parecer dignos, quando são assassinos imerecedores do convívio com pobres, analfabetos, indigentes, migrantes como eu... Correm atrás do dinheiro porque pensam que o dinheiro lava tudo. O dinheiro limpa a cara dos advogados que metem à cara na TV agarrando e protegendo tais monstros?
Incompreendo o fascínio que tal profissão exerceu em mim durante a juventude. Fiquei arrasado quando abandonei o Direito por falta de dinheiro. Não obstante, agora torço para que o Ocidental encontre outro caminho e deixe para trás a premissa do solteirão romano que viveu antes de Cristo. Tivesse ele vivido os ensinamentos cristãos, teria o fato alguma chance de se impor à versão? Existe barbárie maior do que a impunidade?