Fuga mágica da esperança

Jamais discuta sobre as razões do endividamento sem o significado da palavra crédito. A frase punitiva em seguida seria lançada como regra dardejante. A manhã iluminada cobria a sala distante dos assuntos próprios das prevenções pessimistas. O sol renderia a boa nova sobre a nulidade do endividado quanto à razão da prosperidade, que é assunto sério, destacou. Argumento para o Serqueira. O homem acertado, estudado e doutor em negócios. O destino do empobrecimento na luta versus crescimento, destina-se as grandes mentes, dedicadas aos temas universais. Calou-se para debicar o café quente. Brotou-lhe a palavra “crescimento” num assomo de salvação. Aspirava sair do assunto por dentro de um conselho excelente. Implacável.

Palméria levantou cedo. Queria poupá-la do assunto. O gato expressou comida num miado exclusivo. Pediu licença para indagação: Qual endividado seria capaz de retornar ao mesmo empreendimento gerador da dívida? (Estava ouvindo a conversa). Respondeu calmamente: A impressão inicial é a do amador tentando ganhar a vida. Ao redor profissionais olham, geram papéis, tributações, observam até dar errado. São profissionais morando na casa da distância entre o planejamento e a cautela. Saltou-lhe do latim “mutatis mutandi” tentando compensar a transformação rápida das decisões.

Ligou para o Serqueira. Ligou sabendo que era cedo. Escuta: endividado trabalha insolvente. Insanável. Carrega placa insolúvel e pesada. Há dívidas difíceis de serem trabalhadas e até compreendidas no tempo e no espaço. Outras parecem cruéis a ponto de morar na lembrança dos suicidas. Respondeu sábio o Serqueira: Há um tempo feliz em que se retorna e se paga. Pronto. Um novo ser se refaz e desligou.

Compreendeu naquele instante que o endividado transaciona no tempo inexplicável da solidão. Acorda e dorme no mesmo quarto onde moram as lendas e os cabelos brancos. Especialmente com a conta lhe fugindo da magia cristalizada. Compreender não é tudo? Gastava energia procurando solucionar repasses de verbas tendo ao lado o complexo do dinheiro inacessível. A felicidade econômica leva o homem ao trabalho graças às boas e líquidas compensações e estava certo. Que idéia fortaleceria o novo tempo e a nova visão? Apelou para o incrível. A fuga esperada do enredo. Sua imaginação criadora permaneceria gigante. Gerando a hipótese conclusiva como fruto nascido da árvore das possibilidades no campo da imaginação. Vivia delas. Olhando para o raio azul.