Importar-se ou não, eis a questão.
Os meios de comunicação de hoje nos propiciam informações de todos os cantos do mundo, praticamente nas ocasiões em que ocorrem. Isso, entre outras coisas, nos trás fatos jamais imaginados pelos mais ousados escritores ou roteiristas de qualquer gênero. “Ver” a guerra do golfo pérsico transmitida pela TV foi um choque. Para nós brasileiros, uma assustadora e surrealista indicação de que poderíamos estar chegando mesmo aos tempos apocalípticos. Naquela época eu havia me preparado para assistir ao Rock in Rio, mas acabei mesclando meu esperado prazer com uma sensação de medo até então desconhecida. Um susto aqui, outro adiante e veio o ataque às torres gêmeas de Nova Yorque. Tinha na minha memória de criança a imagem de algum livro de predições do fim do mundo no qual o Empire States se partia sob ataque inimigo. Imediatamente veio mais uma vez a idéia de que seria o fim. Aos poucos, isso foi sendo superado pelas dezenas de manchetes e imagens das mais inusitadas notícias. A idéia de fim do mundo passou a ter cores de camaleão, tantas são as modalidades da capacidade humana de gerar fatos estranhos ao universo do dia a dia do cidadão comum, a tal ponto que passei a duvidar que ele exista. Claro que há uma tendência de falar-se dos últimos fatos que parecem confirmar o fim dos tempos: “pais contra filhos”. E aí há notícias para todos os tipos de bizarrices: os que matam, os que prendem, os que... Melhor nem lembrar! Quanto a essa estória de fim do mundo, talvez os profetas e videntes apenas vissem antecipadamente o que vivemos agora e usassem os fatos revelados como referências suas para um tempo que necessariamente não fossem os últimos. Afinal, a história nos conta a saga humana, em qualquer de suas etapas, permanecem com o mesmo grau de maldade. A mídia, a tecnologia e o aumento da população é que são fatos novos. Ficamos entre nos acostumarmos a tomar conhecimento do que se passa e corremos o risco da indiferença progressiva ou ignorarmos.