A aventura
Decidi fazer uma aventura, peguei um mapa e comentei com alguns colegas que eu iria fazer uma viagem de bicicleta pelo interior de MG, iria ser um passeio curto, uns três dias, logo de início três amigos que também gostavam de bicicleta decidiram ir, acharam interessante a idéia de sair por aí de bicicleta. Decidimos que tínhamos que treinar, pois nós passaríamos por lugares não muito fáceis. Todos os dias, depois que chegávamos do trabalho íamos treinar, andávamos umas duas horas em um pique bem forte, com dois meses de treino eu e a minha equipe estávamos com outra aparência, tínhamos perdido peso, subir e descer morros já parecia fácil, só faltava marcar a data para a tal aventura. Como a minha equipe era dividida em quatro pessoas, decidimos que cada um seria responsável por algo do grupo, eu fiquei responsável pela comida, o meu amigo Antonio ficou responsável pelas peças de sobressalente, o meu amigo José ficou responsável de levar ferramentas e meu amigo Carlos ficou responsável por registrar os momentos e também de revezar com o Antonio para levar as peças. O trajeto seria sair de Conselheiro Lafaiete em direção a Itaverava , onde eu iria fazer a primeira compra de alimentos e seguiríamos para Piranga passando por Catas-Altas, dormiríamos em uma fazenda perto do Rio Piranga e no outro dia iramos para Viçosa passando por Calambau e Porto Firme. Iríamos a Viçosa e voltaríamos no mesmo dia para a fazenda onde dormimos.
Com tudo projetado só faltava dar início a aventura, marcamos então que iríamos no feriadão prolongado, saímos bem cedo, o início da viagem foi simples, pois a estrada até Itaverava é asfaltada e são apenas vinte quilômetros. O verde das árvores misturada a aquela pedreira na saída de Lafaiete dava a aquele lugar um ar magnífico, só de ver aquela natureza de início já valeria a pena essa aventura, mas a viagem estava apenas começando e o pior trecho era de Itaverava à fazenda onde íamos dormir.
Depois de comermos algo em Itaverava, decidimos partir, pedalamos umas duas horas e a poeira estava alta, pois não chovia a meses naquela região, o pneu da minha bicicleta furou e por minha sorte furou bem em frente a um bar, entre a cidade de Catas-altas e Piranga, tomei um refrigerante gelado enquanto meus amigos arrumavam minha bicicleta. Demorou apenas alguns minutos para arrumarem, nós estávamos craques em conserto de bicicletas, e com mais duas horas chegamos a fazenda onde dormimos.
A fazenda era tudo de bom, e embora nossos corpos estivessem acostumados a pedalar estávamos cheios de dores, decidimos então ficar um dia a mais na fazenda, foi ótimo pois tinha uma cachoeira lá que era um show. No outro dia bem cedinho pegamos nossas bicicletas e fomos em direção a Viçosa, Carlos tirava foto de tudo e estávamos bem animados, a estrada de terra ainda estava molhada pelo sereno da madrugada e não tinha poeira, quando chegamos em porto firme, quatro horas depois, estávamos cansados, paramos na ponte por alguns minutos e decidimos procurar uma sombra para comermos algo, quando paramos distribui para todos barras de chocolate, tomamos a água do cantil da bicicleta e logo em seguida fomos para Viçosa, no caminho paramos para beber água em uma fonte bem na beira da estrada, a água tinha gosto de ferro, Antonio que era estudante a área de mineração disse que aquela região era rica em minérios de ferro e isso influenciava no gosto da água. Quando chegamos e Viçosa foi uma festa, acho que é o mesmo sentimento que os alpinistas têm quando chegam ao topo de alguma montanha, ficamos lá por algumas horas e decidimos voltar para a fazenda, seria um pouco puxado, pois ficamos muitas horas em Viçosa, mas decidimos que seria melhor fazermos um pouco de esforço e descansar em uma cama gostosa na fazenda. Quando começamos a voltar Carlos se sentiu cansado, todos reclamaram, eu apenas entrei no bar mais próximo e comprei o maior sanduíche que vi e um refrigerante ele comeu quase tudo sozinho e para nosso espanto como numa recomposição das forças ele pegou a bicicleta nos chamando para irmos. Por três horas ele esteve na frente do grupo puxando o ritmo da pedalada, com poucas horas chegamos novamente a Porto Firme, já era bem tarde e queríamos chegar à fazenda para descansar, comemos mais um pouco de chocolate e partimos e exatamente as vinte uma horas estávamos ao lado do rio Piranga, loucos para achar a ponte de madeira que nos levaria ao outro lado do rio, as vinte e três horas estávamos no portão da fazenda, super cansados, mas alegres e com uma sensação de sermos vencedores, ficamos na fazenda um dia descansando mesmo, pois além da chuva estávamos com dores devido ao excesso de força, demos uma revisão na bicicleta, limpamos as marchas e trocamos os rolamentos, sairíamos no outro dia bem cedinho.
No outro dia, bem cedinho ainda chovia, decidimos sair assim mesmo, pegamos nossas bicicletas e fomos em direção a Conselheiro Lafaiete, a lama estava horrível e as machas das bicicletas pararam de funcionar, decidimos então parar e regular as marchas para que elas ficassem em uma marcha mediana, nem muito pesado nem muito leve e com oito horas de viagem em uma lama danada estávamos em casa, alegres, sujos, e com uma alegria que dava inveja a aqueles que não nos acompanharam. Adoro lembrar essa aventura. Foi demais.