Vida louca, vida breve: Cazuza, 50 anos
Estava aqui tentando imaginar Cazuza aos 50 anos, afinal, se estivesse vivo, estaria completando essa idade. Realmente o tempo não pára. Morto aos 32, enquanto a vida louca o inspirava a escrever tantas canções intensas e coerentes, o “cara cansado de correr na direção contrária, sem pódio de chegada ou beijo de namorada” dizia verdades em forma de músicas e, pra mim, poesias.
Talvez, por ser criança nessa época, eu gostava, mas ainda não entendia muito bem as suas canções. Curtia a melodia e a voz. E ainda nem sabia o que significavam os tais “segredos de liquidificador”, mas já adorava cantar “exagerado, jogado aos pés...”, bem o que me tornei depois de adulta. Uma apaixonada, exagerada e patética. Adoro um amor inventado! Até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais.
Fico imaginando quantas novas letras lindas nós teríamos o prazer de ouvir e cantar hoje, curtindo o tiozão Cazuza dizer se encontrou ou não uma ideologia pra viver. Aliás, que ideologia teria atualmente? O que será que ele nos diria de certos acontecimentos atuais? Quem seriam seus ídolos e quem seriam seus inimigos? Os mesmos de quando tinha 32? Não, afinal seus heróis já tinham morrido de overdose.
Eu ouço Cazuza hoje, como nunca ouvi antes de sua partida. Chego a sentir saudades dele, mesmo sem o conhecer. Me emociono com as letras sempre, já que, mais do que um cantor, ele era poeta! E quero deixar uma de suas mais lindas poesias/músicas aqui como homenagem.
TODO O AMOR QUE HOUVER NESSA VIDA
Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta a mordida
Nós na batida no embalo da rede
Matando a sede na saliva
REFRÃO:
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convivio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente nem vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum veneno anti monotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum remédio que me de alegria
Ser teu pão
Ser tua comida
Todo o amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti monotonia
e algum....