Crueldade dos infantes
"Usa sabiamente o poder quem sabe geri-lo e, ao mesmo tempo, sabe resistir a ele”. S. Gregório Magno
Fico impressionado como as sombras adultas dos pais são projetadas nos filhos infantes. A “boazinha” máscara das “patricinhas e patricinhos” esconde a crueldade no dia-a-dia de crianças e adolescentes... Grupos são criados através do constrangimento e assédio (Bullying)... Geralmente tem um líder que centraliza e formata o grupo com códigos e gestos próprios. Os que não se submetem aos ditadores são cruelmente excluídos e vitimados com agressões verbais, exclusão simbólica e até agressão física. Universo paralelo ao dos pais, talvez uma futura e sórdida repetição de um trágico sonho reprimido. As vítimas maquinam a vingança futura... Fecha-se o ciclo de morte.
A escola, que deveria ser a fonte da construção do saber compartilhado para uma sociedade ética, transparente, democrática e participativa; vem por ironia reproduzindo um padrão de sociedade violenta e cruel... Quanto maior o padrão de vida dos estudantes, maior os requintes da crueldade. É urgente reformular os argumentos metodológicos de ensino. A formação universitária de nossas (os) pedagogas (os) não dá mais conta da realidade cotidiana. Falta aos educadores sensibilidade para se auto descobrir... É preciso, no entanto, mudar com o atual padrão de universidade antropocêntrica.
Aos pais e mães fica a responsabilidade de esgotar na própria carne suas sombras infantis, mascaradas nos desencontros de suas memórias... Pais e filhos repetem o mesmo roteiro de morte na crueldade dos infantes.
Somente rompemos com a crueldade dos filhos, quando esgotarmos a crueldade dos pais, pois neles está a raiz desse processo contínuo.