FENO-MENOS

FENO-MENOS

Berenice Heringer

É preciso dar menos capim para os jumentos. Eles estão ficando mais burros, obesos e agressivos. À festinha matinal papilônica (ou babilônica) cada asdrúbal trouxe seu trombone. Alguns, mais de um. E os papilomas de plantão, em fila indiana.

O tal famoso, agora eleito o mais gordo do mundo, mostrou a que veio. Demorou, mas deu seu recado aos quatro ventos, num passeio de carrão pela Av. Sernambetiba.

Não acho correto comparar certos tipos com eqüinos, mas sim com os suinos. Quem se mistura com porcos, farelo come. E já que todos portavam suas respectivas varas, tem tudo a ver, porque o coletivo de porcos é vara. E também cantavam de galo, em coro, com os bicos e esporas à mostra e à vista, com remuneração em dólar ou euros.

O cara mais ousado, o que surrupiou documentos e foi à cidade do diabo adquirir pacotinhos, quebrou toda a redação da redeTV!. E queria 50 mil. Mas o desavisado ainda deu uma de joão-sem-braço e foi reconhecido pelo delegado, que não aplicou nele os testes dectores de drogas e álcool. Será que não havia lá o etilímetro ou etanolímetro? No limit! O doutor delegado foi omisso com os ominosos (agourentos, nefastos, detestáveis).

Quando comecei esta série de maltraçadas, a 1º de abril, dia das Petas, tive a motivação inicial de registrar tudo o que estava e continua acontecendo por aí nesse mundão dos pagãos ou impagáveis. Todos inadimplentes, um termo que os advogados adoram. Outro: insolvência. Todas as substâncias são solúveis e o que é sólido desmancha no ar. Inclusive as reputações. Esses ousados travecos são sapopembas = raiz que concresce à base do tronco, envolvendo-o. Pararasitas e comensalistas. Sapos que gostam de sapear. Pemba é despacho, feitiçaria. É gíria ou regionalismo e não tem no Aurélio, mas é a cara da periferia...

Feno-meno-male à Milan-esa. Não tem mais firmeza nas pernas para agüentar o tranco e a investida-despida da horda sub-urbana, um trio que acha assalto, extorsão, dopping e transação normais e batiza perversão sexual de trabalho. Isto é um acinte aos Trabalhadores do Brasil! Meu protesto aqui, numa frente politicamente incorreta, neste 1º de maio!

Março abriu o des-maio, deu-se o desmanche da vergonha mínima que havia nas caras.

Essa corja toda que desfila por aí pode continuar no bas-fond, com a gritaria em off, porque os terninhos de executivos com que eles se acham os tais estão respingados de merde, allors (como dizem os franceses). Nas alcovas tudo é tolerável entre os protagonistas e figurantes, pois fica escondido. Nas telinhas não cabe. Nem nos telões.

Acho incrível, também, a pseudo-feminilização dos termos referentes a eles. Passam a ser elas com o maior descaramento, mas nos documentos são do sexo masculino e devem ficar quietinhos, cada qual no seu time. Ainda não inventaram um terceiro sexo. Mesmo com silicones, hormônios, maquiagem carregada. Os homens devem assumir os homos.

André vira Andréia, Chico vira Chica, Nenê vira Naná. Uma escola de samba do crioulo doido, como dizia Stanislaw Ponte Preta. Um viradouro ou sumidouro. Tem muito gavião -carijó sobrevoando o terreiro. Muito pinto-calçudo ciscando no quintal.

O ácido básico capaz de neutralizar a agressividade deles é o ostracismo, a surdo-mudez que os meios de disseminação de fofocas e escândalos devem impor a eles. Vão morrer de raiva, porque gostam muito de aparecer, são exibicionistas e doentiamente narcisistas. Pentear macacos é uma tarefa bem adequada para as macacas. E fazer macaquices...

Vila Velha, 1º de maio de 2008.

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 05/05/2008
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