O hino de uma revolução
“Todo coração é uma célula revolucionária.” ( “The edukators.”)
Até para quem não conhece a história do “Concerto para piano e orquestra nº 5”, de Beethoven, é inevitável, após uma audição atenta desse concerto, conceber idéias pulsantes como as de liberdade e igualdade. Toda a obra de Beethoven exala essas idéias nobres, mas o concerto “Imperador” parece ser o momento onde elas tem o seu brilho mais intenso.
O concerto começou a ser composto em 1809, quando as tropas napoleônicas cruzavam a Europa. Beethoven, defensor dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade que culminaram na Revolução Francesa, embora desapontado com os rumos tomados a partir da sagração de Napoleão como imperador, sentiu-se animado naquele momento a compor o que seria seu último concerto para piano, e o último de seus concertos. Não se deve ao compositor o apelido “Imperador”, que provavelmente não o agradou, mas a um oficial do exército francês que, na estréia do concerto, levantou-se e assim o saudou.
A própria obra é uma revolução. No primeiro movimento, antes da apresentação do tema, o piano exibe uma “cadenza” interrompida por berros guerreiros da orquestra. Isso foi uma novidade na época. O segundo movimento é de uma calma submarina, com uso intenso do “pizzicato”, com melodias leves e meditativas, interrompidas pelo “ataque” enlouquecido do terceiro movimento, que encerra o concerto.
Não se pode entender o que foi a Revolução Francesa sem ouvir o concerto “Imperador”. É uma obra de um homem que viveu naquela época, e acima de tudo que viveu os ideais daquela época, sem maiores pretensões políticas.
Recebamos o concerto “Imperador” como o hino de toda revolução.