Solte os freios
Após aquela conversa com o pedreiro que relatei aqui, na semana passada, sobre a reflexão da auto-estima, me levou a conversar diariamente com aquele homem, enquanto ele parecia estar testando minha paciência com seu ritmo de trabalho. Estava intrigado com a sua acomodação diante à vida, como estivesse sido treinado para se reprimir, para não querer nada da vida, a não ser, sentir-se um peso para o mundo.
Era uma pessoa extremamente acomodada e fechada para as oportunidades da vida. Não demonstrava qualquer ambição, era a total personificação da acomodação. Durante as longas conversas, procurava ressaltar o trabalho digno que executava, embora não lhe rendesse muito, precisaria se “contentar”, afinal, era o que sabia fazer.
Ao longo das minhas experiências profissionais, já havia me deparado com várias pessoas que agiam dessa forma. Aquele sujeito que perece estar sempre como o freio de mão puxado, que não demonstra a mínima disposição para fazer acontecer, realizar e ser útil. Geralmente estão sem vontade para nada, não manifestam desejo, ambição ou sequer inveja por nada ou ninguém. São pessoas apagadas para vida, que se acomodaram em determinada zona de conforte e tudo fazem para se manterem ali. No entanto, bastavam algumas palavras para identificar as razões da apatia, que na maioria das vezes, ultrapassavam as questões profissionais e logo se acendiam para vida. Mas agora, o que me intrigava era a convicção de que aquilo era tudo que podia querer e receber deste mundo, pois havia total ausência de desejo e vida naquele homem.
Estava diante de um ser humano com uma imagem extremamente negativa de si mesmo, preso a crenças e relatos de experiências traumáticas e mal sucedidas, que o faziam agarrar-se a imagens negativas e viver em uma espécie de prisão domiciliar, criada psicologicamente. Diante deste quadro, o melhor que um leigo tem a fazer é tentar ajudar a pessoa a soltar os freios para sentir a vida fluir naturalmente, pois não existe nenhum espaço para alterar sua autopercepção e introduzir algumas afirmações positivas.
Talvez essa situação descreva que estamos limitados as nossas crenças, ou seja, se acreditarmos que tudo o que somos ou conseguimos é tudo o que podíamos esperar desta vida, então, estaremos impondo nossos próprios limites. Isto poderia ser confortável se tudo o que quiséssemos estivesse dentro deste limite. Ocorre que geralmente queremos permanecer na zona de conforto, delimitada pelas nossas crenças e imagens limitadoras construídas desde muito cedo, no entanto, se desejarmos viver outras emoções, sentir outras sensações, satisfazer outros desejos, experimentar e explorar novas fronteiras, estaremos nos condenando a infelicidade. Uma saída seria abrir a porta mental para que pudessem entrar e se desenvolver poderosas e estimulantes imagens para ter, fazer e ser o que se quer da vida.
As mudanças que queremos, somente serão possíveis se mudarmos o padrão de pensamento, nada de ficar repetindo as mesmas experiências, crenças e palavras negativas. Os pensamentos criam imagens que governam nosso comportamento, portanto pensamentos limitadores são armadilhas que nos empurram para prisões, nos tornam repetitivos e com o passar do tempo, depressivos e frustrados. Portanto, para mudar é preciso trocar de pensamento, de comportamento, criando imagens positivas e saudáveis de nós mesmos. Não é possível mudar e passarmos para um estágio de felicidade superior mantendo os mesmos pensamentos. Sem quebrar o padrão que nos levou a essa fase indesejada não é possível chegar ao desejado, isto é tão evidente quanto querer chegar a Europa utilizando o mesmo coletivo que nos leva ao trabalho.
Os pesquisadores há muito tempo já nos disseram, que o cérebro não vê qualquer diferença entre visualizar uma tarefa e de fato executá-la, portanto, antes de executar seu plano para uma vida mais próspera e feliz, imagine-a detalhadamente inúmeras vezes, assim seu cérebro estará treinando e formatando um padrão de pensamento que o levará à vitória, assim como um atleta que treina para ganhar uma competição. Pense nisso.