Crônica perpetuada de saudade e de graça e humor
Edson Gonçalves Ferreira
São duas horas da manhã e, ainda, não consegui dormir. Queria ir para a gandaia. O Peter Pan, porém, me impediu: _ Não vai, Edson, fica aqui. A noite é sagrada. Você precisa dormir o sono da beleza. Veja A Sunny Lora está o tempo todo querendo cultivar o dom do sorrir mais! Repondi: _ É mesmo, Peter Pan, a Sunny tem razão. A Malubarni dá exemplo, está sorrindo o tempo todo, mesmo com tantos problemas! Aí, ouvi o ruflar das asas de Sininho: _ Você quer voar sobre Divinópolis, poeta, posso lhe levar onde quiser. _ Eu não, se fosse sair aqui, ia de carro, pra raptar meu amor, se eu fosse voar, iria para Portugal ou Japão.
Ainda, acabava o meu pronunciamento quando, de repente, o telefone tocou e pensei que era a Sônia Ortega. Lá no Japão, agora, são apenas duas horas da tarde. Mentalmente, falei pra mim mesmo: _Diaba, a danada não telefona. Aí, senti um perfume forte. Era a Rosa que entrava de mão dada com o Pequeno Príncipe que disse: _ Vou chamar a serpente pra você, Edson. Ela lhe dá uma picada e você vai para onde quiser. _ Má! - respndi - não quero morrer agora. O Pequeno Príncipe retrucou: _ Não existe morte, existe é outra forma de vida.
Neste momento, houve um barulhão porque a Fernanda, junto com a Claraluna, com a Malubarni, com a Tera Sá, com a Susana Custódio, com a Katleen, com a Milla, com a Ellen, com a Meriam, com a Hul entraram na sala. Meu escritório pequeno ficou mais apertado que banheiro de mulher em restaurante. _ Está cheirando mal aqui, poeta! Olhei e vi a Emília e Narizinho tentando entrar também. Nem liguei, virei para a Meriam e perguntei: _ E o furacão lá no Sul, invadiu alguma coisa de seu. O gato de Alice sorria matreiro, quando vi, aos pés da Lebre Maluca. E Meriam nem pode responder.
Aí, houve uma pergunta muita afoita. Era a Raínha de Copas: _Se o bebê da Sônia não se chamar Alice, vou mandar cortar a cabeça dela! _ Vai olhar se eu estou na esquina -- respondi -- ela coloca o nome que quiser. _ Não pode demorar a escolher, não pode...
Retrucou a Lebre, olhando o relógio, porque estou com pressa, estou com pressa. _Ué, mas ainda vai demorar. Só em dezembro nasce a criança, gente! Então, o Peter Pan, vaidosos, meteu a colher de pau na conversa e disse: _Eu posso esperar, tenho todo o tempo do mundo, porque não envelheço!
De repente, percebi que Sininho que fugira, voltava puxando pela mão a Zélia Nicolodi, a Celina Figueiredo, a Marise, a Maria Luiza Errico, O Hemricabílio, o Teris, o Carlos Aires, o Silvânio, o Italo, a Gaivota Dourada, a Vânia Staggemeir, a Angela Lara, da Dulcinéia Leal! _ Meu Deus! Neste apartamento não cabe todo mundo, Peter Pan. Chame atenção da Sininho. _ Eu não -- respondeu-me ele -- você não faz casa aberta no seu aniversário. Ele está chegando. Não é dia 11 de junho? _É!... -- mas ainda falta mais que um mês --
não está na hora ainda! _ Talvez o pessoal resolveu abreviar e começar mais cedo. - retrucou Peter Pan.
Então, a raposa do Pequeno Príncipe disse: _ É preciso ritos, se tu vens, por exemplo... _ Cala a boca, raposa! -- gritei -- Hoje, é sábado, são duas horas da manhã e eu quero dormir! _ Quem é essa tal de Staggemeir? - Perguntou a Emília. _ Que nome mais chic, não é? _ Conheci no Recanto, é uma pessoa encantadora! _ Mais encantadora que eu, poeta? - perguntou a Emília. Engoli seco e não respondi.
_Sua casa está muito concorrida! - exclamou Pinóquio que, entrara sem eu ter notado. _ Está? - perguntei. _Sim, está, parece mais o parque de diversão que eu freqüentava! _ Isso é ruim, Pinóquio? _ Nâo, não é não. Só que concordo com o Peter Pan, a sua festa de aniversário começou cedo! _ Ai, gente, estou com sono, está na hora de vocês voltarem para casa. A Rainha de Copas, saíndo, gritou: _Nós vamos, poeta, mas ainda corto a sua cabeça, ah, se corto, corto sim. Vamos embora, gente, esse poeta já deu o que tinha que dar. Quase falei um palavrão, mas me lembrei que eu estava no Recanto das Letras e Letras são sagradas, não são?
Divinópolis, 04.05.08