Biocombustível
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Há poucos dias passados, uma criança de onze anos, deixando para trás as fantasias da infância e adentrando ao mundo da realidade, filho de um segurança do estabelecimento de saúde onde trabalho, pediu que lhe ajudasse a responder: “O que você entende por biocombustível?” Ele cursava a quinta série e a pergunta fazia parte de um trabalho escolar. Longe de dar uma aula, tentei passar àquele estudante alguns conceitos e reflexões.
Biocombustível é uma palavra híbrida formada pela junção de bio+combustível. Bio vem do grego bíos que significa vida e combustível, originada do latim combustibile, que significa aquilo que se consome pela ação de queimar. Tornando tudo isso mais inteligível a uma criança de onze anos: é a combustão da vida para produzir energia, em nosso caso, energia motora.
- Mas deve ser uma coisa boa. Um dia eu vi na televisão que, quando faltar gasolina, nós teremos o álcool da cana; e que a soja, o milho e o girassol poderão ser transformados em óleo para substituir o diesel - comentou o menino em sua simplicidade.
Notei que o menino estava informado, não educado. Pedi que não anotasse nada e que fechasse o caderno para conversarmos.
Na natureza, assim como na vida, e a vida é a expressão máxima da natureza, nem sempre dois mais dois é igual a quatro. Sabemos muito bem que a natureza é capaz de dar, de fazer crescer e de ceifar. A relação do homem com a natureza é quase sempre uma relação egoísta e, principalmente, imediatista. Uma boa solução para uma dificuldade de hoje poderá acarretar um enorme problema amanhã.
O desenvolvimento tecnológico melhorou os meios de transportes, facilitou as comunicações e, principalmente, proporcionou aumento dos meios de produção. Isso facilitou a vida de milhões de pessoas, e por outro lado, aumentou o consumo de combustível fóssil. Dada as artificiais e conflituosas crises do petróleo, procurou-se uma saída imediata. O biocombustível parecia uma solução mágica, menos poluente, mais barata, produzida aqui, sem depender dos cartéis da OPEP e das guerras no Oriente. O Brasil foi o pioneiro no uso do etanol como combustível, na década de setenta foi criado o Pró-Álcool e a indústria automobilística brasileira, a primeira a se adaptar a nova realidade. Embora o biocombustível, de uma forma geral, não seja um patrimônio de nossa criatividade. Até ai tudo muito bonito, só que o biocombustível é obtido através de matérias biológicas, não de origem fóssil, e essas matérias biológicas usadas para a produção de biocombustível são as mesmas que alimentam os homens e os animais.
Com certeza o menino de onze anos não viu florestas sendo derrubadas, grandes áreas que antes eram lavouras de café, arroz, feijão, milho, soja e pastagens, sendo transformadas na monocultura da cana, que hoje não mais é cana-de-açúcar, e sim a cana das usinas de álcool. O menino sabe que o etanol obtido da cana move os carros como a gasolina e que o biodiesel pode ser obtido através da soja, do girassol e do milho; sabe também que esses produtos servem de alimento ao homem e aos animais, aliás, até os animais que antes serviam de alimentos passaram a ser matéria-prima para biodiesel. O que ele não sabe é o que está por trás de tudo isso e as suas conseqüências.
Quem criou os programas dos biocombustíveis foram os governantes, e eles, na atualidade, mais parecem escravos do que lideres. Não estão a serviço do povo e sim, refém e submissos à ditadura do capital. Não podemos falar de maneira diferente da maioria das instituições de pesquisas; elas são financiadas pelo grande capital. Na ditadura do capital, que visa o consumo e o lucro, as grandes vítimas são os homens e a natureza.
Biocombustível é uma solução ou um problema? Continuará como um problema enquanto a natureza for vítima da exploração irracional, sendo tratado como uma fonte inesgotável, e enquanto o homem for apenas um instrumento de produção e consumo. Passará a ser uma solução quando nossas crianças e jovens forem educadas de uma forma integral, não apenas instruídas e formadas para atenderem a necessidade da ditadura do capital. A educação integral torna o homem evoluído, e o homem evoluído relaciona-se harmoniosamente com a natureza. Quando isso acontecer, o biocombustível será uma solução.
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Há poucos dias passados, uma criança de onze anos, deixando para trás as fantasias da infância e adentrando ao mundo da realidade, filho de um segurança do estabelecimento de saúde onde trabalho, pediu que lhe ajudasse a responder: “O que você entende por biocombustível?” Ele cursava a quinta série e a pergunta fazia parte de um trabalho escolar. Longe de dar uma aula, tentei passar àquele estudante alguns conceitos e reflexões.
Biocombustível é uma palavra híbrida formada pela junção de bio+combustível. Bio vem do grego bíos que significa vida e combustível, originada do latim combustibile, que significa aquilo que se consome pela ação de queimar. Tornando tudo isso mais inteligível a uma criança de onze anos: é a combustão da vida para produzir energia, em nosso caso, energia motora.
- Mas deve ser uma coisa boa. Um dia eu vi na televisão que, quando faltar gasolina, nós teremos o álcool da cana; e que a soja, o milho e o girassol poderão ser transformados em óleo para substituir o diesel - comentou o menino em sua simplicidade.
Notei que o menino estava informado, não educado. Pedi que não anotasse nada e que fechasse o caderno para conversarmos.
Na natureza, assim como na vida, e a vida é a expressão máxima da natureza, nem sempre dois mais dois é igual a quatro. Sabemos muito bem que a natureza é capaz de dar, de fazer crescer e de ceifar. A relação do homem com a natureza é quase sempre uma relação egoísta e, principalmente, imediatista. Uma boa solução para uma dificuldade de hoje poderá acarretar um enorme problema amanhã.
O desenvolvimento tecnológico melhorou os meios de transportes, facilitou as comunicações e, principalmente, proporcionou aumento dos meios de produção. Isso facilitou a vida de milhões de pessoas, e por outro lado, aumentou o consumo de combustível fóssil. Dada as artificiais e conflituosas crises do petróleo, procurou-se uma saída imediata. O biocombustível parecia uma solução mágica, menos poluente, mais barata, produzida aqui, sem depender dos cartéis da OPEP e das guerras no Oriente. O Brasil foi o pioneiro no uso do etanol como combustível, na década de setenta foi criado o Pró-Álcool e a indústria automobilística brasileira, a primeira a se adaptar a nova realidade. Embora o biocombustível, de uma forma geral, não seja um patrimônio de nossa criatividade. Até ai tudo muito bonito, só que o biocombustível é obtido através de matérias biológicas, não de origem fóssil, e essas matérias biológicas usadas para a produção de biocombustível são as mesmas que alimentam os homens e os animais.
Com certeza o menino de onze anos não viu florestas sendo derrubadas, grandes áreas que antes eram lavouras de café, arroz, feijão, milho, soja e pastagens, sendo transformadas na monocultura da cana, que hoje não mais é cana-de-açúcar, e sim a cana das usinas de álcool. O menino sabe que o etanol obtido da cana move os carros como a gasolina e que o biodiesel pode ser obtido através da soja, do girassol e do milho; sabe também que esses produtos servem de alimento ao homem e aos animais, aliás, até os animais que antes serviam de alimentos passaram a ser matéria-prima para biodiesel. O que ele não sabe é o que está por trás de tudo isso e as suas conseqüências.
Quem criou os programas dos biocombustíveis foram os governantes, e eles, na atualidade, mais parecem escravos do que lideres. Não estão a serviço do povo e sim, refém e submissos à ditadura do capital. Não podemos falar de maneira diferente da maioria das instituições de pesquisas; elas são financiadas pelo grande capital. Na ditadura do capital, que visa o consumo e o lucro, as grandes vítimas são os homens e a natureza.
Biocombustível é uma solução ou um problema? Continuará como um problema enquanto a natureza for vítima da exploração irracional, sendo tratado como uma fonte inesgotável, e enquanto o homem for apenas um instrumento de produção e consumo. Passará a ser uma solução quando nossas crianças e jovens forem educadas de uma forma integral, não apenas instruídas e formadas para atenderem a necessidade da ditadura do capital. A educação integral torna o homem evoluído, e o homem evoluído relaciona-se harmoniosamente com a natureza. Quando isso acontecer, o biocombustível será uma solução.
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