A procura de Par Quase Perfeito
Nunca havia namorado japonês. É claro que a curiosidade era grande e queria viver a experiência de conhecer alguém diferente, de costumes diferentes.
Surgiu a oportunidade.
Local e horário marcados.
Atrasou-se meia hora, pois o compromisso onde estava acabou se estendendo por conta da animação do palestrante.
O carro estava parado diante ao edifício e ela foi seguindo pela calçada, quando o vidro da janela do carro foi descendo e apareceu uma figura com cara de japonês.
Era ele, não havia dúvida!
_João?
_Entra aí!
O sujeito sequer teve a gentileza de sair do automóvel e abrir a porta para a moça.
_Você marcou nove horas! Que demora, hein!
_ Desculpe-me, geralmente termina às nove horas. É que o palestrante se empolgou e acabou ultrapassando o horário.
No caminho, em busca de uma choperia, um bombardeio de perguntas:
_Você é separada há quanto tempo?
Tem quantos filhos?
Trabalha? Faz o quê? Mora com quem?
Seus pais são vivos?
Finalmente ao encontrar um local para conversar, o tal sujeito estaciona o carro, desce e vai na frente! Deixando a moça para trás.
A moça começa logo a desfazer os seus sonhos.
Imaginava encontrar alguém interessante, inteligente para conversar.
Quando viu o perfil daquele homem de cinqüenta e dois anos, procurando um relacionamento, imaginou a oportunidade de entrar em contato com uma pessoa voltada para a cultura oriental, talvez até budista, pois não tinha preconceito nenhum a cerca de religião, quem sabe um homem calmo, pacífico, Zen.
Ledo engano.
Ali estava um homem que traiu suas origens.
Nada de Zen, nada de Buda. Um bunda, isso sim! Um "bundão".
Perguntou-lhe se não “pintava” os olhos e não usava batom. E disse que os óculos dela eram muito grandes: óculos de professora.
Disse-lhe que tinha que usar blusas com decote e aquelas calças de cintura baixa, mostrando a calcinha.
Ao deixar a moça em casa, ainda reforçou o cometário:
_Viu, você tem que usar calça de cintura baixa, mostrando a calcinha, prender o cabelo, trocar esses óculos. Qualquer hora eu te ligo!
Do portão adentro a moça suspirou aliviada.
Aturar um ser de mente tão pequena, não foi muito fácil, mas ela conseguiu realizar aquele sacrifício, doando-lhe parte do seu tempo, ouvindo suas considerações.
Ela certamente não conseguiria muda-lo e nem ele conseguiria mudar seu jeito de ser. Cada um tem a sua essência e, cabe a cada um, se transformar.
A moça segue adiante, procurando sua alma quase gêmea, seu par quase perfeito.