Duas janelas e uma alma....

Ficava ali a contemplar aquela visão que tinha de sua janela.... quase todas as noites, por várias vezes chegava no fim de mais um dia, perto do deitar-se e revia tudo que tinha vivido em mais um dia....

Uma música ao fundo, fazia-lhe meditar ainda mais.... as luzes apagadas, ficando apenas o trepidar de uma chama que se consumia aos poucos, acesa aos pés de um ícone russo.... o cheiro do incenso que aos poucos saía pela janela....

Num profundo meditar pensava nos planos que estariam reservados a ele e que também dependeriam da sua opção de vida.... num momento de decisões e escolhas....

Observava dali uma paisagem familiarizada, comum à sua rotina e conhecida.... pensava no que poderia ver do outro lado da realidade.... lá.... para onde iria.... tudo isso apertava-lhe o peito....

Na outra janela observou a paisagem que conseguia enxergar.... pequena em comparação com a monstruosidade do lugar.... via dali uma fumaça que não cessava, fumegando dia e noite.... verdadeiros arranha-céus.... torres a piscar, despertando-lhe um sentimento de nostalgia.... o horizonte ali era cinzento, espesso, nebuloso.... um pouco diferente de cá....

Também pensava em tudo.... na sua vida e escolhas.... somos senão as nossas escolhas.... você é a sua escolha....

Assim escolheu a sua janela de costume, a sua paisagem habitual e menos agitada.... as suas estrelas e lua.... a brisa suave da noite.... recheou tudo com planos e projetos de vida.... com metas e objetivos a serem alcançados.... sonhou... e ficou com sua janela de cá....

André Ícarus
Enviado por André Ícarus em 11/01/2006
Reeditado em 11/01/2006
Código do texto: T97233