O nome dela é Renata!

Ela era uma criança muito da chorona. Ô coisa chata! Se a gente fazia careta, ela abria um bocão. Se a gente ria, ela se assustava. Estava sempre querendo ir embora do lugar aonde estava, nada estava bom, uma madame mesmo...

Até hoje, se ela estiver na TPM, ensaia aquele bocão.... Mas, aí, a gente a lembra que o tempo passou e ela é uma mulher. Será?...

Ela estudou administração de não sei o quê e trabalha não sei com quê, mas sei que é fera em computação. Fala espanhol como ela só...(aliás, como espanhol mesmo... Morou no México, mas achou que a cerveja é melhor que tequila e voltou). É loira, de verdade! E é inteligente! Talvez até demais da conta...

Ela adorava quando eu ia ao mercado e fazia a maior zona, ou ficava rindo das caras esquisitas que passavam por nós. A maior característica do seu riso é que ela chora quando ri, e o som da voz some. Sabe aquele riso pra dentro, que só depois de alguns minutos a gente percebe que é riso e não uma contorção de dor? É assim...

Êta, mulher bonita! E como dança! Mas, tem pavio curto, curtíssimo, que nem a mãe, ou as mães...

Educação, vai depender da hora... Uma vez eu a levei pra jantar num restaurante e disse: “Seja educada, aqui é coisa fina. Se quiser ir ao banheiro, pergunte aonde é o lavabo. Mulher não faz xixi, entendeu?”.

Daí, deu a vontade, e lá se foi Renata atrás do maitre e seguiu minhas instruções. Só que o sujeito indicou um cantinho com uma pia, fora do banheiro. Ela, já apertada, gritou: “Cacete! Aonde se mija?!”. Isso foi há muito tempo, ela era menina... Hoje ela é catedrática em descobrir o lugar certo para “lavar as mãos”...

Um dia ela me pediu para a ajudar a fazer a monografia da faculdade. Ora bolas! O que eu entendo de administração de empresas? Daí, saiu o tema: “O idoso e o mercado de trabalho”. Ficou dez e esta moça arrebentou na apresentação, ela foi cheia de marra! Afinal, a gente deu a volta ao mundo em pesquisas e montamos o roteiro do trabalho em lindos dias de verão na praia. Ela passou com louvor e eu peguei a maior cor.

Bom mesmo eram os trabalhos do primário e ginásio. Lembro que certa vez ela e Aline, uma outra filha, tinham que escrever sobre a semelhança e diferença entre Noel Rosa e Chico Buarque. Po! Eu nem sabia na época que havia algo a ver com os dois! E lá fomos nós para a biblioteca estudar... Não havia computador nem Google, os livros que eu possuía nada diziam sobre isso.

Dali passamos a conhecer as características dos dois compositores e fizemos do trabalho um tour histórico por Vila Isabel (onde nasceu Noel), na Fábrica Nova América (por causa da música Três apitos), hoje um shopping, e até nos hospedamos num chalé em Teresópolis só pra tirar foto de uma janela, para ilustrar uma letra de Chico (A noiva da cidade).

O trabalho era composto por textos, imagens e uma fita cassete. A professora gostou tanto que deu “100! Parabéns!” em todas as folhas. Quando Renata chegou em casa estava em prantos: “Aquela filha da puta rabiscou meu trabalho todo!”.

Até que eu consegui ensinar muita coisa a elas, e aprenderam brincando e se divertindo. Só não consegui fazer com que fossem menos desbocadas e mais calminhas, não sei por que...

Renata, Aline e Juliana, minhas filhas, que não saíram de mim, porque Papai do Céu sabe que, se fosse assim, viriam impossíveis.

Três mulheres lindas, hoje encaminhadas. Três potências. Eu costumo dar um exemplo: Quando eu digo que estou namorando, as três emitem perguntas diferentes, que caracterizam bem suas personalidades:

Aline diz: “Que lindo... Está amando?...”.
Juliana diz: “Que? De novo?! Quem é este cara? Quero conhecer!”.
Renata diz: “Certo, mas quanto ele ganha?”.

Apesar de ela morar no Rio, quase não nos vemos, afinal, eu to na minha, ela na do marido... Só que hoje ela entrou, assim do nada, no site, na parte de participar com frases e poesias, e deixou a sua frase romântica pra mim:

“Eu tô de mau com vc pra sempre!!! Só tem foto da Ju no seu site.... Só ela é filha??? Filha da ...!!! rsrsrsrs.
Beijos. Te amo.
Rê”.

Eu quero deixar publicamente minha resposta:

Eu também te amo.
Da Lê.
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 02/05/2008
Reeditado em 21/02/2009
Código do texto: T972044
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