Ano de 2038

Saí de casa de mãos dadas com minha avó. Andamos pela cidade, fomos ao megamercado foi só risada! Vovó é muito engraçada! Parecia que tudo era novidade... Minha avó está caduca. Coitada! Amo minha vozinha, mas não dá para não rir...

Ao entrarmos no megamercado, ela me disse: - que lugar estranho! E muito depressa para que as outras pessoas não percebessem o que minha avó falava, procurei distraí-la comprando-lhe um pirulito de vidro. Aí foi o meu erro! Ela começou a querer chamar o PROCON, pois dizia: - que coisa mais esquisita, isso não é pirulito, no meu tempo isto tia gosto de caramelo, fui ficando envergonhada, pois esse palavrão como “caramelo”, as pessoas não estavam acostumadas a ouvirem. Graças a Deus vovó fez silêncio. Consegui convencê-la em não reclamar do pirulito.

Andamos mais um pouco e peguei na prateleira uma lata de verdura, aí vovó começou tudo de novo. – Isto não é verdura, nunca vi alface em lata, na minha época comprávamos alface vinda da horta... Nem dei bola, continuamos... Fomos comprar água e o nosso dinheiro não deu. Vovó muito chata começou a falar que água tinha de monte na época dela e custava muito barato, que até lavava calçada... Mas não desistiu pedia ao balconista que lhe desse um copo d’água, eram estranhas as atitudes de minha avó, todos ficavam olhando e não entendiam o que ela dizia. Saímos do megamercado eu estava roxa de vergonha. No caminho de casa, minha avó delirou... Começou a dizer alto quanta garça! Quanta garça! De novo ela chamou a atenção das pessoas. Imagine que em um espaço onde não havia casas, o que ela via eram centenas de sacolas plásticas enroscadas nos arbustos pequenos, coisas que estamos acostumados a ver. Que história é essa de garça perguntei a ela? E ela me disse: - são aves brancas de pernas compridas que vivem próximas aos rios, lagoas e comem peixes. Nossa! Agora minha avó surtou de vez! Tentei distraí-la pedindo que me ajudasse a carregar as coisas que compramos. Vovó parecia ter se esquecido dos comentários... De repente vovó olhou para o céu e disse: - Que poluição! O céu está preto! Aí eu lhe fiz uma pergunta: Que cor era o céu na sua época? – Era azul, só ficava escuro em dias de chuva... Não dá pra conversar com vovó...

No tempo dela tinha pirulito de caramelo, água à vontade, garças, céu azul, céu escuro em dias de chuva... Coitadinha da minha avó, ela está fora da realidade! -Vamos entrar vovó chegamos em casa!

Donni
Enviado por Donni em 02/05/2008
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