ONDE ESTÁ MEU POEMA?

Esses dias tive um insight. Momentos de revelação que duram a eternidade de alguns segundos. Era a verdade do universo, a resposta para todas as nossas dúvidas existenciais e por não ser um orador, nem tão pouco, músico; transformei o que senti em versos, imagens em frases, sensações em poesia e criei o poema mais lindo que já tinha escrito e seria o escrito perfeito, se houvesse papel e caneta por perto, não havia.

Corri para casa. Não estava longe e quando lá cheguei. Cadê o poema? O poema sumiu!

Como se encontra um poema? Como se encontra versos desaparecidos? Deveria eu procurar os achados e perdidos?

Voltei para a rua dos insights, cruzei a esquina da lembrança e vasculhei todo o bairro da memória e nada do poema. Não era justo! Finalmente, escrevera, de todos os poemas, o mais bonito e o havia perdido.

Quis pegar um vôo para Paris, quem sabe o Siena que inpirou tantos escritores pudesse me ajudar, mas como não daria tempo de voltar até Segunda de manhã, para o serviço, a "falta de tempo" fez com eu optasse por outro caminho, bem mais de acordo com a minha conta bancária: fui de ônibus para o Rio.

Todos os grandes poetas moraram na cidade maravilhosa; quem sabe eu não acharia meus versos nas curvas de Ipanema ou soprado pela brisa de Leblon.

Caminhei, pedi inspiração ao Redentor, tomei café com Pão de Acúcar e já cansado, sentei ao lado de Carlos Drummond em Copacabana e angustiado, perguntei ao poeta: " Carlos, cadê o meu poema?"

E eu que não esperava resposta, quase cai do banco.

- A sua volta, aprendiz de poeta. - disse Drummond - A sua volta.

Frank Oliveira

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