UM FATO QUE ORGULHA A NAÇÃO (Luc Ramos)
UM FATO QUE ORGULHA A NAÇÃO (Luc Ramos)
Outro dia eu estava pesquisando alguns personagens que fizeram historia no nosso país no livro “HOMENS QUE FIZERAM O BRASIL”. Uma edição de 1953 escrita por Luiz Waldvogel pela Casa Publicadora Brasileira.
Entre tantas passagens curiosas e interessantíssimas, deparei-me com uma que chamou minha atenção, era a respeito do Patriarca da Independência Jose Bonifácio de Andrada e Silva e seu irmão Martim Francisco.
Em uma época, esta nossa, que o nome político é alcunha e palavrão, devido à falta de escrúpulos de alguns, tão comentados pelo povo e a nossa imprensa falada, escrita e televisiva, que, o fato vou narrar aqui, deixou-me bastante orgulho das pessoas envolvidas.
O nosso Jose Bonifácio de Andrada e Silva era filho de um coronel de milícias, e aos 14 anos veio para S.Paulo, ele que era nascido e morador da cidade litorânea de Santos.
Revelando pendor especial pelo aprendizado em línguas, chegou a entender onze idiomas estrangeiros e falar seis. Foi um dos homens mais instruído que o Brasil possuiu.
Ele foi para Portugal estudar apadrinhado pelo Duque de Lafões. Foi então para a França estudar com químicos, botânicos e mineralogistas de renome.
Na Alemanha continuou a especializar-se em mineralogia, e matemática e mecânica.
Depois de ocupar importantes cargos administrativos em Portugal, voltou para o Brasil e veio morar em um sitio de sua propriedade em Santos.
Em companhia de seu irmão Martim Francisco, que era mais jovem que ele, percorreu o Estado de S.Paulo estudando suas riquezas minerais. O resultado dessas pesquisas foi publicado no JOURNAL DÊS MINES, de Paris.
Na verdade o fato que eu vou narrar aconteceu com o Jose Bonifácio e seu irmão Martim Francisco. Nos últimos anos da sua vida ele sofreu grandes dissabores. Se por um lado era exageradamente enérgico e altivo era por outro lado rigorosamente probo e honrado, palavras estas, proferidas pelo próprio D. Pedro.
Quando ele desempenhava o cargo de tutor dos príncipes brasileiros, recusou o ordenado que tinha direito. Gesto esse, que levou o seu irmão, Martim Francisco, a desistir, da parte do ordenado, que, após a morte daquele, lhe tocava.
Mas a ocasião mais interessante foi quando os dois irmãos mostraram a sua probidade.
Jose Bonifácio era então ministro, e percebia como tal os vencimentos de CR$ 400,00 por mês. Querendo guardar esse dinheiro em lugar seguro, colocou-o embaixo da carnera do chapéu. Foi nessa noite ao teatro, e na saída, ao querer apanhar o chapéu, não mais o encontrou onde tinha deixado.
No dia seguinte viu-se o ministro sem vintém no bolso, e não teria almoçado, não fosse a interferência do seu sobrinho Belquior Fernandes Pinheiro, que lhe pagou as despesas do dia. De algum modo D.Pedro veio, a saber, da pouca sorte do amigo, e deu ordem a Martim Francisco, que era Ministro da Fazenda, para que tornasse a pagar a seu irmão o ordenado do mês.
Martim Francisco insurgiu-se contra a ordem de D. Pedro, recusando-se terminantemente a executa-la.
Observou ao imperador que o Estado não se pode responsabilizar pelas mazelas de seus funcionários, que o ano tem doze meses para todos, e não doze para alguns e treze para outros.
Pediu a Sua Majestade que retirasse a ordem de pagamento e que ele, Martim Francisco, ia repartir com o irmão o pagamento daquele mês, e que eles fariam economia, mesmo que por isso passassem um tanto quanto apertados os próximos dias, até o próximo pagamento.
Com isso os irmãos, ambos ministros estariam legando a futuras gerações um exemplo salutar de honestidade para com o erário publico.
Senhores! Pelo que a gente lê nos jornais atuais, os políticos das gerações futuras não aprenderam nada com os irmãos ministros, da família Andrada e Silva.
Infelizmente para todos nós brasileiros. Infelizmente!
By Luiz Carlos Ramos