LEMBRANÇAS
Todos os anos, éramos os primeiros veranistas a chegar na praia de Tibau. Naquele ano de 1984 não fora diferente. A praia estava desolada, solitária. A casa, cheia de poeira vinda das dunas em frente. Foram tempos gostosos e inesquecíveis que ficaram marcados em minha memória. As noitadas em que ficávamos até tarde jogando sueca. Noutras, preferíamos pescar sauna. Que belas são as saunas prateadas pela lua, balançando na rede. No dia seguinte estava garantido o tira-gosto, porque não há nada mais saboroso do que uma sauna frita.
Víamos alguns carros chegando. Eram outras famílias que começavam a povoar aquela praia de areias coloridas. Soubemos que houvera uma pane nos telefones e que os postos telefônicos também estavam sem funcionar.
Na manhã seguinte, instalei minha antena plano terra para contatos com colegas radioamadores de todo o Brasil. Meu kenwood TS 120-S mais tarde estaria ligado. Todos os dias, eu participava de várias rodadas de colegas e de outros contatos individuais, em que trocávamos idéias e aprofundávamos as amizades.
Passados cerca de quinze dias, a praia estava lotada. Era um sábado a tarde. Naquele dia, chegaram lá em casa dois rapazes de Brasília, com o desejo de falarem com seus familiares. Já haviam procurado em vão os centros telefônicos diversas vezes. Lembro que eram universitários de Brasília que passavam férias em Tibau. Um deles era Paulinho, estudante de jornalismo. Eles souberam que ali havia um radioamador e que talvez pudessem falar com a capital federal. Estavam muito preocupados, porque tinham uma notícia urgente para transmitir e já estavam a vários dias sem contato.
Liguei meu rádio e sintonizei na faixa de vinte metros. Escutei algumas pessoas em contato. O áudio estava perfeito. De repente, ouvi prefixos PT2, de Brasília. Cumprimentei e falei de minha pretensão de contatar a família daqueles rapazes. De pronto fomos atendidos. O colega de Brasília ligou o phone patch, aparelho que conecta o rádio ao telefone, fez as ligações para os números informados. Os rapazes ficaram maravilhados quando, por quase meia hora, falaram diretamente com seus pais. Mais alegres ainda ficaram seus pais, que falavam diariamente com os filhos e já, a tantos dias, haviam perdido o contato com eles.
Fora aquele um QTC (notícia urgente) passado por minha estação de radioamador.
O tempo passou e nunca mais tive contato com aqueles rapazes. Até procurei na Internet, no orkut, mas não os encontrei. Pois ontem, passados 24 anos, recebi um e-mail de Paulinho, É que procurando por meu nome, ele me encontrou aqui no Recanto. Ele relata no e-mail este episódio, recordando com saudade aqueles tempos. São lembranças...
Todos os anos, éramos os primeiros veranistas a chegar na praia de Tibau. Naquele ano de 1984 não fora diferente. A praia estava desolada, solitária. A casa, cheia de poeira vinda das dunas em frente. Foram tempos gostosos e inesquecíveis que ficaram marcados em minha memória. As noitadas em que ficávamos até tarde jogando sueca. Noutras, preferíamos pescar sauna. Que belas são as saunas prateadas pela lua, balançando na rede. No dia seguinte estava garantido o tira-gosto, porque não há nada mais saboroso do que uma sauna frita.
Víamos alguns carros chegando. Eram outras famílias que começavam a povoar aquela praia de areias coloridas. Soubemos que houvera uma pane nos telefones e que os postos telefônicos também estavam sem funcionar.
Na manhã seguinte, instalei minha antena plano terra para contatos com colegas radioamadores de todo o Brasil. Meu kenwood TS 120-S mais tarde estaria ligado. Todos os dias, eu participava de várias rodadas de colegas e de outros contatos individuais, em que trocávamos idéias e aprofundávamos as amizades.
Passados cerca de quinze dias, a praia estava lotada. Era um sábado a tarde. Naquele dia, chegaram lá em casa dois rapazes de Brasília, com o desejo de falarem com seus familiares. Já haviam procurado em vão os centros telefônicos diversas vezes. Lembro que eram universitários de Brasília que passavam férias em Tibau. Um deles era Paulinho, estudante de jornalismo. Eles souberam que ali havia um radioamador e que talvez pudessem falar com a capital federal. Estavam muito preocupados, porque tinham uma notícia urgente para transmitir e já estavam a vários dias sem contato.
Liguei meu rádio e sintonizei na faixa de vinte metros. Escutei algumas pessoas em contato. O áudio estava perfeito. De repente, ouvi prefixos PT2, de Brasília. Cumprimentei e falei de minha pretensão de contatar a família daqueles rapazes. De pronto fomos atendidos. O colega de Brasília ligou o phone patch, aparelho que conecta o rádio ao telefone, fez as ligações para os números informados. Os rapazes ficaram maravilhados quando, por quase meia hora, falaram diretamente com seus pais. Mais alegres ainda ficaram seus pais, que falavam diariamente com os filhos e já, a tantos dias, haviam perdido o contato com eles.
Fora aquele um QTC (notícia urgente) passado por minha estação de radioamador.
O tempo passou e nunca mais tive contato com aqueles rapazes. Até procurei na Internet, no orkut, mas não os encontrei. Pois ontem, passados 24 anos, recebi um e-mail de Paulinho, É que procurando por meu nome, ele me encontrou aqui no Recanto. Ele relata no e-mail este episódio, recordando com saudade aqueles tempos. São lembranças...