...STRAWBERRY FIELDS FOREVER...
Lennon tinha idéias poderosas e provocativas, deixava sua voz cantar a alma e sua canção não passava despercebida. Já eu, escrevo apenas para expor meus pensamentos e escutar suas críticas e opiniões a respeito de coisas que talvez nem me lembre mais, parece loucura, mas é assim que eu aprendo a viver, e é assim que você me ensina a reiniciar o processo de paixão pela vida. A necessidade do manifesto. Já não sou tão radical para impor meus pensamentos com a voz alta. Aprendi a usar o olhar para reprovar algo, ou as mãos para elevar o ego alheio. Eu fazia cem coisas ao mesmo tempo enquanto escrevia quando era mais novo, hoje já não é mais assim, faço mil coisas. A idade acumula funções e sabedoria que nem sabemos ter, e o dia estica para quantas horas forem necessárias. Eu tento desmascarar o espírito pobre que existe dentro de mim, mostro ao espelho as coisas que escrevi ao reverso, e os versos ficam bem mais calmos em suas novas sonoridades. Devo minha pouca cultura a baixa renda que sempre tem me acompanhado, tudo é conseguido com mais dificuldade e se torna mais saboroso, até mesmo aquele disco ruim do Caetano. Eu já encontrei as pessoas interessantes com quem poderia caminhar e conversar noite adentro em qualquer lugar que estivermos, e é por isso que levo todos eles aos locais que visito. Ontem mesmo eles foram ao interior de São Paulo comigo, embora não saibam disso. É estranho, mas essas pessoas - invisíveis ou não - parecem ter o dom de fazer minhas palavras brilharem, enquanto de brilho mesmo, só em meus olhos, pois minhas palavras ainda carecem de serem trabalhadas com cuidado, sendo assim, vou sair e recolher matéria prima para novos escritos, e se eles demorarem, não vai importar tanto, as palavras continuarão por todo lugar, basta que as encontrem e principalmente as escutem. Toda palavra está preparada para a arte, e em liberdade, mesmo que esquecida, transformará as nossas vidas sempre... e sempre!