Lembrança de Luiz
Dona Iná trazia luz à vida. Era parteira.
Naquele dia, foi chamada pela pequena Maria que àquela altura ainda era Luiz – se nascer machinho vai ser Luiz.
Derramando pranto, Maria recebeu a mão úmida de Dona Iná que disse:
- É menina, comadre.
Não ia ser Luiz: o pai saiu de perto. Imprestável.
A mãe quase desfalecendo sussurrou de orelha a orelha:
- Vai se chamar Ma-ria.
A menina Maria buscou conforto no colo da mãe, mas não era como antes. O peito doía, o desconforto era geral. Pensou que animava um corpinho que não era seu, que nasceu por engano.
Nunca mais se sentiu tão bem como enquanto era Luiz.