DOS SEM LIMITES À VIOLÊNCIA SOCIAL
Hoje presenciei um fato que me trouxe, mais uma vez, à reflexão aqui no recanto.
O trânsito havia parado numa avenida de duplo sentido, cuja ultrapassagem era proibida e sinalizada pelas faixas duplas contínuas.
De repente alguém bancou o espertinho , fez a ultrapassagem e de súbito deu com uma viatura da polícia militar, que a princípio me parece que não havia percebido a infração.
Uma motorista a minha frente, a que estava sendo ultrapassada, não teve dúvida.Desceu do seu automóvel em plena avenida, parou a viatura da polícia com uma sinalização de mãos e foi atrás do carro que a ultrapassou e que havia parado um pouco mais a nossa frente.
E a confusão começou.
Percebi que foi a sua gota d'água!
Foi aí que me veio a sensação de como os limites são fundamentais e como a sua não observãncia transforma o errado no certo.
Hoje não é difícil perceber, na vida em sociedade, a importância crucial da delimitação das ações e das vontades na formação das personalidades, no delineamento das "personas", portanto.
E quanto mais cedo os pais se convencerem da tal importãncia, com certeza mais estarão contribuindo para a paz social.
O fato é que pessoas adultas, pais e ou responsáveis pela formação de outras, muitas vezes também desconhecem os limites.
Adultos que nunca crescem, procuram nos pais o aconchego para seus escapes de limites, buscam por aquela eterna passada de mão na cabeça, e assim me fica a impressão de que tal déficit de demarcações acaba por passar de geração a geração.
Já observei que aonde tem criança voluntariosa, tem adultos prepotentes que acham que tudo podem.
E aonde há quem acredite que tudo pode, planta-se um terreno para a violência, porque aonde tudo pode sempre vigora a vontade e a crença daquele que acredita tudo poder.
Lembro-me de dois exemplos mais recentes entre pais e filhos que presenciei.
Numa das vezes alguém estragava uma planta do jardim.O síndico reclamou , ao que o pai justificou:" Mas eu pago condomínio!"
E num outro caso em que conheci uma mãe extremamente deprimida porque iria mudar duma casa que muito gostava.
Ao perguntar -lhe o porquê da mudança, me respondeu que sua filha de nove anos de idade, tinha "decidido" mudar, e a família toda havia cedido à vontade da menina.
Casos corriqueiros, muito mais comuns do que possamos acreditar, transtornam as dinãmicas da educação, atordoam as relações familiares, confundem e negam os limites , contaminam a vida em comum, e o saudável da convivência social.
Talvez seja por isso que vez ou outra nos pegamos perplexos com certos acontecimentos do dia a dia.
A moça que parou o carro da polícia, extremamente nervosa , com certeza estava ali há um bom tempo aguardando a sua vez, aonde lhe foi surrupiado pela falta de limites, o seu pleno direito ao respeito pela sua espera.
Pior do que não ter limites, é acreditar que o mundo nos deva reverenciar...a nós e às nossas vontades.