Madrugal

Edson Gonçalves Ferreira

Por mais enamorados que estejamos, mesmo que durmamos juntos, a solidão é uma constante. O homem não nasceu para ser

uma ilha, mas sua alma só comunga, plenamente, com Deus, com

outras almas a comunhão é parcial. Nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Não há tristeza nessa conclusão, apenas a constatação

de que é necessário aprender isto: os corpos se unem, outras vidas

são geradas, mas o ser humano está sempre livre. Quando chegar a

noite, ele entrará nela a sós com Deus.

Assim, enquanto o sangue corre solto em nossas veias, é necessário que aprendamos a usar o nosso corpo para falar com o corpo do ser humano. Que essa fala seja a tradução da animação que, por si só, traduz o lado espiritual que sacraliza toda relação amorosa. Só assim, sagemos que a nossa vida é uma flor que alguém plantou de coração no jardim da vida. Só quem já amou, verdadeiramente, sem barreiras, sabe da glória deste mundo.

As maravilhas que existem no amor provocam alegria e dor, uma só é reflexo da outra. Benditas são as lágrimas que a alegria ou a dor provocam. São facetas do prazer humano. Se o nosso riso consagra, nossas lágrimas também, porque revelam que somos limitados e, por isso mesmo, divinos. Não foi à toa que Cristo assumiu

a dimensão humana. Sacralizou o humano, sentindo tudo que nós, seus

discípulos, sentimos. E para tornar isso mais sublime ainda, teve uma mãe humana, com um nome simples e divino: Maria.

Quando qualquer forma de amor nos atinge, tornamo-nos divinos. Quem se importa demais com a palavra alheia, se esquece de que Jesus nunca ligou para o julgamento dos outros. Cada um precisa cumprir o seu destino. Quem muito julga, muito será julgado. A primeira pedra só deve ser atirada por quem nunca pecou. Não sou eu digno de dizer essa frase. Mas foi Ele quem a pronunciou. Só transcrevo e sei que, para se ter uma longa vida, é necessário segurar muito amor a Deus e saber que Ele é pura misericórdia, afinal Ele é o senhor de tudo e sabe que somos limitados, mas seres sedentos de amor.

Divinópolis, 27.04.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 27/04/2008
Código do texto: T963740
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