OS APLAUSOS E FRACASSOS DE "NOSOUTROS"

Certa vez, lendo uma entrevista do saudoso ator Rubens Correa, chamou-me a atenção um enfoque que ele fez aos aplausos recebidos pelo artista seguidos da falta dos mesmos num momento posterior... Dizia ele que o artista ao receber aplausos pelo seu trabalho, isso inflava o seu ego, que subia e subia... e se no trabalho seguinte viesse a receber críticas negativas e escassez de aplausos, a porrada era tão violenta, que sozinho poderá o artista nunca mais se levantar. Daí a importância do mesmo estar sempre inserido e apoiado por um grupo de trabalho, pois esse sim, é o remédio que reanima... E refletindo sobre a colocação feita por ele, indago se na vida de todos nós, também não acontece desse mesmo jeito? Porém, o que se observa é que o indivíduo em desventura busca o isolamento para sofrer sem que ninguém veja, opta pelo desamparo. Porquê? Seria por não querer incomodar amigos e parentes ou pelo orgulho de não querer exibir o seu fracasso? Mas, se uma queda serve para fortalecer e amadurecer aquele que a sofre, porque não partilhá-la com aqueles que lhe são caros? Por que a desconfiança existe? Por que viver na defensiva? Por que o temor de relacionar-se sem máscaras com os outros?

Em castelhano o pronome pessoal “os outros” é dito em certas provincias “nosoutros” para delimitar o alcance plural que equivale a "na minha aldeia...", no entanto essa palavra ao ser pronunciada dessa forma em nossa lingua remete-nos ao significado romântico de "nós + outros", ou seja, uma forma includente – tudo fica ligado – e em sendo assim, vencer numa hora, fracassar em outra... não importa, pois acontece comigo assim como acontece com “nosoutros”!

Jayni Paula
Enviado por Jayni Paula em 25/04/2008
Reeditado em 30/11/2013
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