Sexo na cabeça
Discute-se muito sobre os mundos feminino e masculino. Que homens e mulheres são diferentes é verdade insofismável. Fomos moldados pela evolução para nos comportarmos de determinada maneira e é nesta bagagem histórica que reside a diferença ( e a graça) entre os sexos.
Quem diz que mulher é complicada tem pouca intimidade com o universo masculino. Homens sentem necessidade de deter poder, ser o mais musculoso, ter o melhor emprego, o melhor carro. Observando babuínos na África, cientistas observaram que o líder morre mais cedo e reproduz menos que os demais, por perder tempo e energia mantendo o seu posto de chefia. A fêmea prefere o macaco que cata insetos do seu pêlo e brinca com os filhotes. Transpondo para o universo humano, enquanto alguém se mata no escritório, num impulso de reter riquezas e atrair as mulheres, o cara culto e sensível, que gosta de vinho e literatura ( taxado de gay pelo macho alfa) se dá bem.
Homens e mulheres herdaram diferenças que atrapalham sua vida romântica. Elas ganham intimidade no cara a cara – resquício do hábito ancestral de conversar com os mais jovens -, enquanto eles se aproximam fazendo coisas juntos. Jogar ou observar a prática de esportes é como plantar-se atrás de um arbusto na selva africana ancestral, adivinhando a direção que a caça tomará. Aí origina a confusão: eles acham que as mulheres falam demais, enquanto elas se sentem abandonadas porque os maridos assistem ou praticam esportes.
Outro hábito masculino pouco compreendido é a compulsão à traição. Em uma crônica, Mário Prata explica que, para os nascidos até a década de 60, amor e sexo eram coisas completamente distintas. Como as namoradas permitiam pouco, eles namoravam e depois iam para a zona. Assim estabeleceu-se a dicotomia amor/sexo. Só faltou explicar por quê as gerações posteriores persistiram na prática ( herança genética?) e o ponto de vista flexível deles: quando traem, são garanhões; se são traídos, elas não prestam.
Homens têm dificuldade em manter o foco. Tive um chefe, casado e competente, que arruinou carreira e casamento pela incontrolável mania de, sem qualquer critério de seleção, namorar secretárias. Assim são eles: fanáticos por filmes violentos, acham-se os tais no volante, cortam unhas com os dentes ( exceto as dos pés, que a barriga não deixa), têm vocabulário limitado ( sexo, mulher, cerveja, futebol, dinheiro...), gostam de eletrônica e informática, mas detestam acompanhar suas mulheres nas compras...
Homens fazem piadas com o universo feminino (e vice versa) desde sempre, numa tentativa canhestra de entender o seu complemento. Já é tempo de se tirar vantagem do conhecimento das diferenças entre os gêneros. Se homens são de Marte e mulheres de Vênus é discussão infrutífera. Mais útil é tirar o sexo da cabeça e reconduzi-lo ao seu local anatômico original.
Aí, é só deixar a hipocrisia de lado e louvar as diferenças.
Igualdade entre os sexos para quê?!
Como diriam os franceses, vive la différence!