Esperança, essa nunca morre.

Gosto muito do Shakespeare, inclusive ele é um dos que eu queria ter conhecido. Mas pessoas interessantes também falam bobagens, isso não é mérito dos bobos somente. Porque existem aqueles que são bobos por profissão e outros que têm seus momentos de bobeira, faz até bem ser bobo por um dia. Com certeza o Shakespeare já fora muitas vezes, mas me chegou ao conhecimento uma de suas bobagens verbais, eis o que ele disse: “Os miseráveis não têm outro Remédio a não ser a esperança.”. Lamentável alguém dizer isso, revela um profundo pessimismo diante da vida, talvez por isso ele tenha sido dramaturgo, nunca escreveu contos alegres. Mas calma, precisamos definir que tipo de esperança ele tinha em mente ao dizer isso, e sugerir uma outra esperança.

Muitas vezes a esperança é tida como ato de inércia, como coisa de preguiçoso, coisa de miseráveis, dá a impressão que ter esperança é manter-se parado no lugar à espera de um milagre. Se assim fosse, concordaria que a esperança não passaria de algo miserável, digo dos miseráveis e sem algum valor. Nietszche também tinha esse pessimismo, na verdade poderíamos chamar Nietzsche de Senhor Pessimista, e ele falando sobre a esperança afirmou: “A esperança é o derradeiro mal; é o pior dos males, porquanto prolonga o tormento.” Mas esperar com esperança não é a ausência da ação, não é a atitude de lamúria diante da atual situação, se fosse assim, concordaria que o tormento só aumentava e que o câncer da desilusão haveria de se tornar insuportável.

Assim, sugiro que quando a palavra esperança for usada nesse ponto de vista, que seja substituída. Porque não chamar de “acomodamento”? Daí poderíamos dizer, “Os miseráveis não tem outro remédio a não ser o acomodamento” ou “O acomodamento é o derradeiro mal...” Isso seria muito mais coerente e claro.

Por outro lado, esperança é só o apelido da Fé. É aquilo que ao contrário de nos deixar acomodados, nos lança à frente, nos impulsiona as decisões e ações. Quando a esperança toma conta de nós, saímos da provável miserabilidade e damos um salto para o heroísmo. O que seria do povo brasileiro sem esse salto existencial?

E você me pergunta: - E esperança muda algo? Interessante ver o ponto de vista do Mestre Paulo Freire acerca dessa questão, diz ele no seu livro Pedagogia do Oprimido “Não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança na espera pura, que vira, assim, espera vã” (1997, p.6), para o Paulo a esperança é motor da existência, é o que impulsiona o homem à luta, a fazerem manifestações, reivindicarem seus direitos, enfim, ver uma luz no fim do túnel da vida, “... não entendo a existência humana e a necessária luta para fazê-la melhor, sem esperança, sonho. A esperança é necessidade ontológica; a desesperança, a esperança que perdendo o endereço, se torna distorção da necessidade ontológica.” (p.5).

E isso muda tudo, se não muda o sistema, muda ao menos o homem, aquele que diante da sua fragilidade, se torna grande. Todas as grandes coisas começaram com a esperança, como negar tal combustível que mantém o homem? A esperança é o tesouro do homem pobre, da sociedade ferida, e concordo, “é um urubu pintado de verde” (Mario Quintana), concordo porque feliz daquele que pintou o urubu de verde, fez com que as coisas se parecessem diferentes, e isso deve ter despertado a criatividade de alguém.

Esperança é isso, é a nossa bandeira que hasteamos com orgulho. A força que nos mantém em pé e firmes. E disso, não abriremos mão.

“A ESPERANÇA tem duas filhas lindas

a INDIGNAÇÃO e a CORAGEM :

A INDIGNAÇÃO nos ensina a não aceitar as coisas como estão e a CORAGEM a muda-las"

Wagner Martins
Enviado por Wagner Martins em 25/04/2008
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